Líderes mundiais e bilionários, políticos, empresários, artistas e atletas de elite. Riquezas escondidas, fuga aos impostos e lavagem de dinheiro, empresas de fachada, beneficiários e escritórios de advogados poderosos. Os Pandora Papers resultam da maior colaboração jornalística de sempre para expor os segredos financeiros de alguns dos mais ricos e poderosos do mundo.
O rei da Jordânia, os presidentes da Ucrânia, do Quénia e do Equador, o primeiro-ministro checo e o antigo chefe do Governo britânico Tony Blair são apenas uma amostra dos visados nos documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que expõem um total de 35 líderes mundiais (atuais e passados) e mais de 330 figuras ligadas à política em 91 países e territórios, e mais de 130 bilionários da lista da Forbes.
Ao longo dos últimos quase 24 meses, mais de 600 jornalistas de 117 países mergulharam num total de perto de 12 milhões de ficheiros – 6,4 milhões de documentos, 3 milhões de images, mais de um milhão de emails e quase meio milhão de folhas de cálculo – num total de 2.95 terabytes de informação.
A investigação tem por base a divulgação de registos confidenciais de 14 escritórios de advogados especializados na abertura de empresas em offshores, que permitem reconstruir quem abriu o quê, onde e para quê.
Entre os ficheiros analisados estão ainda faturas, passaportes e outros registos que permitiram ao consórcio de jornalistas compôr um puzzle até agora oculto de ativos, negócios e fortunas secretos.
Um castelo de 22 milhões de dólares na Riviera Francesa, comprado através de offshores pelo primeiro-ministro da República Checa e três mansões em Malibu, adquiridas também através de offshores pelo rei da Jordânia, nos anos que se seguiram à Primavera Árabe, são só dois exemplos.
Os Pandora Papers expõem ainda a estrela da música pop Shakira, a supermodelo Claudia Schiffer, o líder mafioso Raffaele Amato e a lenda indiana do críquete Sachin Tendulkar.
Segundo o jornal Expresso, que faz parte do consórcio, há três portugueses envolvidos: os antigos ministros Nuno Morais Sarmento e Manuel Pinho e o advogado e antigo deputado socialista Vitalino Canas.