Na última semana, Donald Trump, o ex-Presidente dos EUA, descreveu os talibãs com uns “fulanos inteligentes” e “excelentes negociadores”. Não foi o único. Muitos dos seus apoiantes até descrevem os novos donos do Afeganistão como chadliban, neologismo que resulta da combinação de “taliban” com “chad”, os homens que se acham o máximo, os machos alfa. Matt Gaetz, congressista republicano da Flórida, tem igualmente enaltecido a forma como o movimento fundamentalista conseguiu derrotar o exército do seu país e, na última segunda-feira, 30, poucas horas antes de o último soldado norte-americano abandonar Cabul, recorreu às redes sociais para escrever o seguinte: “O Afeganistão vai agora ser palco de uma guerra civil. Os EUA vão apoiar os talibãs contra o ISIS. Tal como antes apoiámos o ISIS contra Assad [Presidente da Síria], durante o tempo de Obama [Presidente dos EUA entre 2009-2017].”
Apóstatas na Terra do Sol
Ao invocar o ISIS, o populista Matt Gaetz refere-se de modo genérico ao movimento radical que se autodenomina Estado Islâmico para o Iraque e o Levante, também conhecido pelo seu acrónimo em árabe, Daesh. No entanto, o seu comentário recai especificamente sobre a filial afegã deste grupo, o ISIS-K ou Daesk-K, sendo que o K identifica Khorasan, a “Terra do Sol”, região que se estende do Nordeste do Irão a toda a Ásia Central, onde pretendem instaurar a sede de um califado global.