Os investigadores do acidente que, este domingo, fez 14 mortos – incluindo uma criança de dois anos – na região de Piamonte, norte de Itália, dizem que um dos travões de emergência do teleférico que caiu terá sido desativado em reparações anteriores à queda.
Durante a madrugada desta quarta-feira, três pessoas foram detidas pela justiça italiana por terem, de forma “consciente”, procedido à desativação de um dos travões de emergência “para evitar interrupções no serviço”, assim noticia a Agenzia Nazionale Stampa Associata: Luigi Nerini, proprietário da empresa que gere o teleférico, “Ferrovie del Mottarone”, o diretor e o chefe de operações, acusados de “homicídio múltiplo com dolo, desastre por negligência e eliminação de ferramentas”.
“O [teleférico] estava a viajar daquela maneira há vários dias e fez várias viagens”, afirmou Olimpia Bossi, procuradora da cidade de Verbania, que tem conduzido a investigação. “O sistema apresentava anomalias e precisava de uma intervenção mais profunda, e isso obrigava a uma paragem prolongada da atividade do teleférico. Por isso, decidiram não fazer a reparação”, acrescentou a procuradora.
O teleférico que caiu transportava 15 pessoas e fazia uma viagem de 20 minutos entre a cidade turística de Stresa, no lago Maggiore, e o topo da montanha Mottarone, a cerca de 1400 metros. A cabina, que podia transportar mais de 35 passageiros, caiu a 300 metros da estação do cume, depois de o seu cabo de aço se romper. Duas crianças foram transportadas de helicóptero para um hospital pediátrico em Turim e uma delas acabou por morrer.
Após as primeiras inspeções, a equipa de investigação percebeu que o sistema de travagem estaria alterado, já que tinha sido mudada uma peça de um dos travões de emergência que servia para bloquear o teleférico, ou seja, a forquilha que mantém a distância entre as placas de travagem e que deve bloquear o cabo de suporte, em caso de rotura, não tinha sido retirada, de forma a evitar interrupções e bloqueios no teleférico. Portanto, quando o cabo se soltou, o sitema de travagem contínuo não funcionou. Se os travões de emergência tivessem, contudo, sido ativados, a cabine ter-se-ia mantido firme depois de o cabo romper, dizem os investigadores.
Uma criança de cinco anos, que se encontra internado no hospital Regina Margherita, em Turim, é o único sobrevivente do acidente. Os seus pais, um irmão e dois bisavôs morreram no acidente.
O serviço de teleférico, que esteve encerrado entre 2014 e 2016 para trabalhos de manutenção, tinha entretanto deixado de funcionar devido à pandemia de Covid-19, voltando a abrir recentemente, depois do levantamento gradual das restrições.