Depois de, no último sábado, o vulcão do Monte Nyiragongo, um dos mais ativos do mundo, ter entrado em erupção, a cerca de 20 quilómetros da cidade de Goma, República Democrática do Congo, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informou agora que estão desaparecidas mais de 100 crianças, depois de terem sido separadas dos pais no momento da fuga.
De acordo com a agência das Nações Unidas, mais de 5 mil pessoas atravessaram a fronteira entre a cidade de Goma e pelo menos 25 mil ficaram deslocadas na cidade de Sake, a mais de 20 quilómetros de Goma, capital da região de Kivu do Norte. Mais de 500 casas foram destruídas.
Agora, procuram-se desesperadamente pelas crianças desaparecidas no meio do caos. À BBC, Charles Kambale, que tem feito buscas nos escombros perto de sua casa, no distrito de Buhene, conta que ainda não conseguiu reencontrar os seus dois filhos mais novos, de seis e dois anos, que estavam com vizinhos em casa no momento da erupção. Benisse, de quatro anos, também está separado da família desde sábado. A mãe estava a vender peixe no mercado e a criança não soube o que fazer. “Fugi com os meus amigos, mas nem sei onde eles estão agora, estou sozinho aqui”, contou Benisse, que passou uma noite inteira a caminhar em direção a Sake e dormiu na berma da estrada.
Algumas crianças que fugiram no momento da erupção e foram separadas dos pais estão, agora, hospedadas num centro administrado pela Cruz Vermelha de Goma e os funcionários, assim como pessoal do governo, estão a tentar encontrar as suas famílias. Sifa Ombene já conseguiu reencontrar os filhos, que fugiram de casa durante a erupção, enquanto Ombene estava a trabalhar. “Fui procurá-los por todo o lado, até fui à morgue do hospital. Mostraram-me corpos de crianças mortas”, disse à BBC, referindo estar “muito feliz” por finalmente encontrar os filhos.
A UNICEF pretende, agora, estabelecer dois centros de trânsito para crianças não acompanhadas e separadas e garante estar a trabalhar no sentido de sinalizar casos de abuso e violência de género.
A agência das Nações Unidas destacou, também, uma equipa para as áreas afetadas de Sake, Buhene, Kibati e Kibumba, para garantir assistência de primeira linha, e pretende instalar pontos para a desinfecção da água perto de Sake, a fim de limitar a propagação de cólera.
Até agora, foram contabilizadas pelo menos 23 mortes devido à erupção do vulcão, de acordo com o Observatório Vulcanológico de Goma, incluindo dois queimados até à morte. Outras nove pessoas morreram em acidentes de viação, enquanto tentavam abandonar a cidade de Goma, quatro foram abatidas ao tentarem fugir da prisão central de Munzenze, sete pessoas morreram como resultado da lava ativa, ao tentarem atravessar a estrada que liga a cidade de Goma, onde está localizado o vulcão, e outra pessoa morreu sufocada durante o banho, devido à acumulação de gases tóxicos. O vulcanólogo Celestin Kasereka Mahinda, diretor científico do centro local, disse à agência noticiosa espanhola Efe que este número pode aumentar nas próximas horas.