Foi um cenário inimaginável aquele a que se assistiu em Guayaquil, cidade portuária do Equador, conhecida como porta de entrada para as praias do Pacífico e para as Ilhas Galápagos. Nem praias nem mar a perder de vista. Desta vez o alvo do espanto naquele país equatoriano foi num outro lugar.
Depois de voos com mais de dez horas de duração, as tripulações de dois aviões vindos da Europa (um da Iberia, outro da KLM) foram informadas de que dezenas de carros e motos dos serviços municipais tinham ocupado a pista. Uns tinham estacionado, outros circulavam.
A cidade portuária de Guayaquil, no Equador, é uma das mais afetadas pelo coronavírus naquele país. Dos cerca de 170 casos reportados, metade foram desta localidade. Com o pânico a gerar-se, os trabalhadores do aeroporto e funcionários municipais impediram a aterragem de um avião da companhia espanhola Ibéria colocando veículos no meio da pista. A aeronave tinha como missão ir buscar turistas espanhóis, emigrantes, equatorianos com dupla nacionalidade residentes em Espanha, empresários e médicos voluntários.
Em terra, as autoridades pensavam que o avião iria trazer mais turistas, mas a bordo só estava a tripulação. A situação está a causar um conflito diplomático e Espanha cancelou outro voo extraordinário de repatriamento.
A ordem viera de Cynthia Viteri, a presidente da câmara de Guayaquil, e pretendia impedir a aterragem daqueles dois voos da Europa, contrariando as diretivas do governo e da própria direção do aeroporto. A responsável reivindicou “a defesa da cidade” em tempos de Covid-19, num país que conta com 168 casos identificados e três mortos.
As aeronaves acabaram por ser redirecionadas para o aeroporto de Quito, a capital do país e aí já tiveram autorização para aterrar.