É uma montagem com cenas violentas em que um personagem com a cara de Donald Trump agride e mata inimigos dentro de uma igreja – e foi exibida durante um evento para apoiantes da sua campanha de reeleição, dentro do Trump National Doral Miami, um resort que pertence ao Presidente.
A polémica não demorou, os seus adversários não perderam tempo a apontar-lhe o dedo, e a Casa Branca seguiu-lhes os passos – num tweet, de novo, desta vez da secretária de imprensa, Stephanie Grisham: “O presidente não assistiu ao vídeo, mas com base em tudo o que ouviu condena-o fortemente.”
Já a organização American Priority, que realizou o evento, assegura que não tem responsabilidade sobre o vídeo, mostrado durante uma “exibição de memes”. Agora haverá a habitual investigação à maneira como o conteúdo, “fornecido por terceiros”, foi para o ar.
Para já, é possível adiantar que as imagens usadas na montagem foram retiradas do filme “Kingsman: Serviço Secreto”, de 2014, e mostram o personagem originalmente interpretado pelo ator Colin Firth com o rosto de Trump.
A atual versão começa então com essa figura de Trump a tirar uma arma dentro da “Igreja das Notícias Falsas” e desatar a atacar fiéis, cujos rostos são logos da imprensa e ainda adversários políticos do presidente.
Além disso, vê-se bem a figura a atirar à cabeça de um representante do movimento “Black Lives Matter” , e também se reconhece facilmente o ex-diretor do FBI James Comey, a tentar fugir. Outras vítimas são o falecido senador John McCain, a atriz Rosie O’Donnell e o senador Bernie Sanders, que é pré-candidato democrata à presidência. Depois, o mesmo personagem com o rosto de Trump faz o senador republicano Mitt Romney refém, antes de atacar o ex-presidente Barack Obama, a sua antiga adversária de 2016, Hillary Clinton, tal como o ex-presidente Bill Clinton ou o deputado Adam B. Schiff, democrata da câmara dos representantes, que analisa seu pedido de impeachment.
O vídeo da polémica acaba então com “Trump” a colocar uma estaca na cabeça de alguém com o logo da CNN, admirando todo aquele massacre do altar, e com um sorriso – algo que remete para o conhecido episódio de julho de 2017 em que o próprio Trump postou um vídeo no Twitter com uma outra montagem, em que o seu rosto e o logótipo da CNN apareciam a representar dois lutaodes e ele deixava a emissora k.o., claro. Foi acusado de incentivar a violência contra os jornalistas, mas também recebeu elogios de muitos dos seus admiradores.
Em boa verdade, desde o início da sua campanha em 2016, Donald Trump já fez diversos ataques à imprensa, a quem chamou repetidas vezes de “inimiga do povo”. No discurso que acompanhou todo este novo momento, o Trump verdadeiro apontou novamente o dedo à “aliança profana de políticos democratas corruptos, burocratas do estado profundo e a imprensa responsável pelas fake news”.