“A situação é de grande calamidade. As águas tomaram conta de toda a localidade de Dombe, onde está a missão. Com a enchente, foi tudo devastado. As pessoas, que já moravam em casas de barro (palhotas), perderam tudo. Ficaram 2 ou 3 dias em cima das árvores e agora estamos a encontrar corpos de pessoas mortas nos galhos. A situação é horrível.
Aqui, na Missão, também perdemos muita coisa. Como a creche, que iniciámos no final do ano passado, para 200 crianças. A Fazenda da Esperança, que cuida da recuperação de dependentes químicos (homens e mulheres), ficou submersa pela água. Estes jovens estão alojados no hospital, numa situação horrível. Na missão temos também internatos, com 400 jovens, que tiveram de ir para as suas casas porque em Dombe já não há mais comida. Ha doenças a aparecer…
As pessoas das redondezas que perderam tudo e conseguiram salvar-se estão na nossa escola (também por isso esses jovens tiveram de sair de Dombe para que essas pessoas pudessem ter um lugar para ficarem abrigados). São cerca de 500 pessoas – pais, mães, muitas crianças – com fome, com frio, descalças, sem roupa.
Por isso, apelamos às pessoas de boa vontade que nos ajudem neste momento muito triste que estamos a passar. Precisamos de todos os que estejam na disposição de nos ajudar. Os nossos irmãos precisam de ajuda. Contamos com o apoio de todos.
Estas pessoas estão desabrigadas e têm pouco alimento. O que têm dá para poucos dias. A missão está a ajudá-los, mas também nós não temos mais como manter esta população que está ao nosso cuidado. Também estamos “ilhados”, porque as estradas foram destruídas e está complicado que a ajuda chegue até aqui. Por isso, precisamos que as pessoas pensem em como fazer, em como nos ajudar via aérea. Talvez através de helicópteros consigam chegar a Dombe e trazer as doações de que estas pessoas tanto precisam.”
Ontem, pela primeira vez, veio alguém do governo para ver como está a situação real da população. Vieram de helicóptero, sobrevoaram a área, ouviram as necessidades da população e comprometeram-se a fazer chegar ajuda. A Igreja já começou a fazer chegar ajuda, mas o acesso ainda é muito difícil. As estradas não estão boas, a ponte que dava acesso à cidade mais próxima está destruída, mas é por aí que estão a chegar alimentos, com um risco muito grande porque as pessoas têm de se segurar em cordas para atravessar o rio. É esta a realidade, mas aos poucos está a chegar ajuda para a missão e para a população de Dombe.