Pu Wenqing é chinesa, tem 85 anos e um filho crítico do regime. Ele está preso há dois anos e a aguardar julgamento, ela luta com todos os meios que tem para ajudá-lo. Fala com associações de direitos humanos, põe mensagens no WeChat (maior aplicação de troca de mensagens da China) e fez um vídeo que colocou no You Tube.
“Granny Pu” (Avó Pu), como é carinhosamente tratada pelos amigos, desapareceu no dia 7 de dezembro depois de uma viagem de comboio de 10 horas entre a sua cidade e a capital Pequim. O objetivo da viagem era falar com alguns líderes chineses na esperança que libertassem o seu filho, Huang, acusado de divulgação de segredos de estado – a razão mais comum utilizada para deter ativistas.
Durante a viagem, ela e a amiga que a acompanhava, foram várias vezes interrogados pela polícia e as bagagens vasculhadas, relata o The Guardian.
Quando chegaram a Pequim as duas foram seguidas e intercetadas. “Fomos rodeadas por sete ou oito homens, vestidos de forma comum, e agarram a Granny Pu pelos braços. Ela foi empurrada para o chão. Eu comecei a gritar às pessoas que iam passando para nos ajudarem”, contou, ao jornal inglês, Wei Wenyuan, a companheira de viagem.
Estas imagens do twitter mostram Granny Pu, de colete amarelo, no chão.
Ambas foram levadas para uma esquadra da polícia e, passado pouco tempo, Wei foi mandada embora. “Foi a última vez que vi a Granny Pu”, disse.
Os amigos do filho dissidente começaram, então, à procura de Pu. Foram à sua casa e ao hospital onde trabalhou. Fei, um dos amigos, referiu que um polícia lhe disse que ela estava sob custódia e em segurança, mas não adiantou o motivo. Estará presa numa casa, mas não se sabe onde.
“Não sabemos se ela está em segurança ou não e por isso estamos preocupados”, contou Fei, que acrescentou que Granny Pu tem alguns problemas de saúde.
Pu está reformada e, há dois anos, começou a batalhar pela libertação do seu filho. Huang, crítico do regime comunista, já antes tinha sido detido e cumprido pena de três anos por se ter encontrado com os pais de crianças que morreram no terremoto de Sichuan, em 2008 – mortes que muitos acreditavam ser resultado de escolas mal construídas pelo governo.
Huang é doente renal e, talvez, morra na prisão, segundo a mãe. Os advogados dizem que não recebe tratamento desde que foi detido e tem estado sujeito a constantes interrogatórios que duram quatro ou seis horas.
Um pré-julgamento esteve marcado para dia 10 de dezembro, mas, sem que os advogados saibam a razão, foi cancelado.