No centro da Macedónia (antiga região da Jugoslávia), nas margens do rio Vardar, fica Veles, uma cidade de pouco mais de 50 mil habitantes.
Naquela região, e de acordo com a reportagem da BBC, o salário mínimo é de €350. Mas a cidade prospera com jovens endinheirados, que compram bons carros e pedem bebidas mais sofisticadas nos bares.
São o “exército” de adolescentes que descobriram o “ouro digital”. Ou como fazer muito dinheiro inventando notícias falsas que colocam a circular nas redes sociais. Sobretudo destinadas aos cidadãos dos Estados Unidos da América.
A questão das notícias falsas não tem largado a atualidade desde que Donald Trump Foi eleito. Para muitos comentadores, trata-se de uma vitória obtida justamente devido à disseminação de boatos e mentiras nas redes sociais como o Facebook.
Durante a campanha eleitoral leu-se, por exemplo, que o Papa Francisco tinha dado o seu apoio a Donald Trump ou que o agente do FBI, que investigava os emails de Hillary Clinton, tinha sido assassinado.
No centro da polémica, o Facebook foi acusado de ter contribuído decisivamente para eleger Trump, um candidato que, por sinal, Mark Zuckerberg abominava. O fundador desta rede social chegou a vir a público defender-se: “Mais de 99% do conteúdo que as pessoas vêem é autêntico. Apenas uma pequena percentagem são notícias falsas e estas não estão limitadas a um só partido político. É altamente improvável que estas notícias falsas tenham mudado o rumo das eleições”.
Uma coisa é certa: sendo a maioria das notícias falsas favoráveis aos republicanos, não ajudaram em nada a campanha de Hillary Clinton.
Voltando a Veles, a reportagem da BBC fala com um adolescente que ganhou, num mês, €1 800 com a farsa. Sentou-se a um computador, escreveu uma notícia falsa favorável à direita americana, deu-lhe um título chamativo e pagou uma campanha no Facebook para a divulgar junto dos apoiantes de Trump. Com os cliques vieram as notas, trazidas pelas mensagens publicitárias que assim atraiu à sua página na internet.
Não foi o único. Esta forma de ganhar dinheiro atraiu muitos jovens de Veles, que preferem ignorar a moralidade duvidosa do ofício. “Não nos interessa como votam os americanos. Só queremos fazer dinheiro para comprar roupa de marca e bebidas”, diz Goran, um estudante universitário com 19 anos.
“Não há dinheiro sujo em Veles”, garante o presidente da Câmara, Slavco Chediev, garantindo que sente orgulho destes “empreendedores” que, em grupos ou a trabalhar individualmente, encontraram um part-time e trouxeram à cidade um incremento significativo do consumo. A ética é aqui só um pormenor.