Bastou uma fotografia no The Guardian, a certeza de que se tratava de uma das praias mais bonitas do mundo e o perigo instalou-se. A Praia do Amor, ou 690 metros quadrados de areia branca e água cristalina a que só se chega depois de percorrer 150 metros a nado, foi invadida por turistas.
O cenário idílico, a beleza natural única, levaram a Punta Mita, no México, milhares de pessoas, chegando a receber mais de três mil visitantes por dia. Sem organização ou controlo, rapidamente esta afluência das massas traduziu-se em pastilhas elásticas coladas aos recifes de corais, enchentes sem sentido e o que era um paraíso tornou-se um caos.
Por isso, a Comissão Nacional das Áreas Naturais protegidas do México (CONANP) tomou uma decisão: fechar a praia. De 9 de maio a 31 de agosto, a Praia do Amor esteve interdita ao público. Reabriu neste mês de setembro, mas com limites: um máximo de 116 visitantes diários, divididos em grupos de 15 pessoas e a proibição de mergulhar para ver corais.
O problema já era antigo e, em 2007, o programa de conservação elaborado pela CONANP assinalava que “na zona conhecida como Praia do Amor, concentram-se uma grande quantidade de visitantes que defecam a céu aberto, geram lixo e atiram pedras aos pássaros”. Mas não é caso único, sobretudo no México, com tantos paraísos naturais deste género. Por isso, o Governo quer proteger todas as ilhas do país, cerca de 914, até ao final do ano.
Contra o turismo de massas
A Praia do Amor não é caso único no mundo. Multiplicam-se nos últimos anos os exemplos de pontos turísticos a que as autoridades são obrigadas a impor limites para evitar o caos. Em 2015, Barcelona suspendeu a oncessão de licenças para a contstrução de hotéis e outros empreendimentos ligados ao turismo. Antes, já o Parc Guell, assinado por Gaudi, passou a cobrar entradas. Veneza é outro caso paradigmático, de uma cidade onde moram 60 mil pessoas e tem mais de vinte milhões de visitantes por ano.
Cinque Terre, na costa italiana, foi também obrigada a controlar a entrada de turistas, limitando a um milhão e meio o número que pode visitar as cinco pequenas aldeias durante o ano (menos um milhão que em 2015). Só assim acreditam ser possível preservar a cultura local.
Evitar riscos
Na semana passada, a ponte de vrido de Zhangjiajie, na China, no parque florestal de Tianmenshan, teve que encerrar duas semanas depois da inauguração. Foi projetada para suportar até 800 pessoas em simultâneo e oito mil por dia. Mas o número de turistas que chegava diariamente era superior em dez vezes a esse número e a organização detetou uma falha na contagem dos visitantes que podia colocar em periogo a estrutura.
Uma situação em parte semelhante ao que se passou com os Passadiços do Paiva. Inagurados em 2015 ao longo das margens do Rio Paiva chegaram a receber mais de sete mil pessoas por dia logo nos primeiros meses. Um número demasiado elevado para a estrutura e para preservação da natureza local, segundo a autarquia de Arouca, o que levou ao seu encerramento durante um breve período. Reabriram já este ano, mas com condições: é preciso fazer uma reserva, o que permite limitar a três mil o número de visitantes por dia.