A Noruega está a construir uma vedação de aço na fronteira do Ártico com a Rússia depois de milhares de refugiados terem entrado no país ao fazer a travessia de bicicleta. Este “muro” terá mais de 200 metros comprimento e três de altura. Grupos de defesa dos direitos dos refugiados já protestaram contra a medida e existe receio de que as relações diplomáticas com a Rússia fiquem comprometidas.
O governo norueguês justifica esta decisão com a necessidade de reforçar a segurança dos postos fronteiriços na zona de Storskog. O país nórdico é um ponto de entrada na Europa por ser um dos assinantes do espaço Schengen que permite a livre circulação no continente europeu sem a necessidade de recorrer a passaporte.
Ove Vanebo, vice-ministro da Justiça norueguês, em declarações à agência Reuters, definiu a construção da cerca como uma “medida responsável”.
Só no ano passado procuraram refúgio na Noruega cerca de 23,000 sírios, número que desceu 95% no primeiro trimestre do 2016. O governador da região de Soer-Varanger, local onde está as ser edificada a cerca, Rune Rafaelsen, disse que “não via necessidade para a construção de uma cerca” e acrescentou que “estão a ser construídos demasiados muros na Europa nos dias que correm”.
Linn Landro, do Grupo de Boas-Vindas a Refugiados norueguês em entrevista com a Reuters defendeu que a Noruega tem a “obrigação de ser um país para o qual as pessoas podem fugir” e sustentou que a construção da cerca manda uma mensagem muito negativa ao antigo adversário da Guerra Fria, a Rússia, dando a entender que “não confia” no vizinho. As relações diplomáticas na região têm sido estáveis desde o fim da União Soviética em 1991.
Em 2015, a Noruega exigiu uma explicação satisfatória à Rússia para mandar tantos refugiados para o país e não os enviar para a Finlândia, ameaçando enviar todos os refugiados com um certificado de residência russo de volta para o país.
Os refugiados que pretendem entrar na Noruega, fazem-no maioritariamente de bicicleta, pois a polícia fronteiriça russa não permite que a travessia seja feita a pé ou de carro, caso o condutor não seja portador dos documentos necessários.