A primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, foi impedida por um juiz de sair do país nos próximos quatro meses. Está a ser investigada por não ter declarado dinheiro alegadamente recebido da Venezuela e de empresas brasileiras como a Odebrecht, dinheiro esse que terá sido usado na campanha do marido, o presidente Ollanta Humala.
Nadine Heredia também terá de pagar 15 mil dólares (13,3 mil euros) devido à “natureza extremamente grave da conduta investigada”, declarou o juiz Richard Concepción, depois de uma audiência de 14 horas.
Os investigadores do processo encontraram agendas de Nadine Heredia em que a primeira-dama descrevia reuniões com empresários e possíveis financiadores e anotava transferências de dinheiro. Num primeiro momento, a mulher do presidente do Peru começaria por negar, mas depois acabaria por assumir que as agendas eram suas.
O caso chega a um juiz quando faltam seis semanas para o fim do mandato do presidente Humala. Pela primeira vez no Peru está envolvida num processo judicial a mulher de um presidente em exercício de funções.
A acusação diz que a primeira-dama simulou contratos com algumas empresas, encabeçando “uma organização” que lavava o dinheiro que financiaria o Partido Nacionalista entre 2006 e 2011, ano em que Humala conseguiu chegar à presidência.
O Ministério Público tenta descobrir a origem dos fundos que financiaram essas campanhas. Sob suspeita estão colaborações falsas no valor de 1,5 milhões de dólares (1,3 milhões de euros). Os fundos para financiar essas campanhas, alega o Ministério Público tendo por um base o depoimento de um colaborador, terão vindo do então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e das construtoras brasileiras Odebrecht e OAS. O investigador assegurou na audiência ter em seu poder uma carta de Chávez que prova o envio de 2 milhões de dólares (1,7 milhões de euros).