Lula
O antigo sindicalista, em tempos o mais popular presidente de toda a história do Brasil (80% de aprovação quando abandonou o palácio do Planalto), autor do milagre económico da nova classe média, continua a dizer-se inocente, mas está cada vez mais encurralado. Segundo a imprensa brasileira seria dele, ou para seu usufruto, que a Odebrecht, uma das maiores constutoras brasileiras, cujo presidente esteve detido no âmbito da Lava Jato, construíu o triplex em Guarajá, uma zona balnear muito usada pela classe-média paulista. A explicação que deu para a a generosidade do seu amigo Jacob Bittar parece até um pouco ridícula. Ao longo do processo ganhou até algumas alcunhas, o «pixuleco» e sobretudo «Brahma», nome de código como seria tratado em emails potencialmente comprometedores entre os seus colaboradores. Atualmente, apenas 25% dos brasileiros ainda acredita na sua honestidade.
Dilma Rousseff
Até agora, a antiga resistente à ditadura e ex-presidente da Petrobrás não tem conseguido escapar às consequências políticas do escândalo, tendo uma das mais baixas taxas de popularidade de qualquer presidente brasileiro (8%). Corre contra ela um processo de destituição, por alegadas manobras contabilísticas nos orçamentos de 2014 e 2015, de forma a favorecer a sua própria re-eleição.Esta semana a revista «Isto É» escreve que ela foi denunciada, pelo senador Delcídio do Amaral, como participante ativa em manobras para obstruir a operação Laja Jato, ao abrigo da qual o ex-presidente Lula está a ser investigado.
Eduardo Cunha
Ainda é presidente da câmara dos deputados (Câmara baixa do Parlamento), e líder da poderosa, mas ocasional, «bancada evangélica», mas o seu nome está indubitavelmente enredado em toda esta trama. Mentiu aos deputados sobre a existência de contas secretas em seu nome ou de seus familiares no exterior do país. E usou ostensivamente o seu poder sobre o processo de impeachment contra Dilma – de modo a evitar quaisquer investigações contra si. Encurralado, deixou o caso contra a Presidente seguir em frente por pura vingança política. Será preciso um milagre para o salvar da cadeia. Mas ele é um homem de fé.
Delcídio Do Amaral
Líder da bancada do governo no Senado, foi preso pelos investigadores da Polícia Federal em pijama, a 25 de novembro de 2015, sob acusação de obstrução à justiça, por tentar impedir que o seu nome fosse implicado num dos inúmeros casos de corrupção que envolvem a Petróbrás, companhia de que foi também diretor. Terá agora – diz a revista «Isto É» – chegado ele próprio a um acordo de delação premiada com os procuradores em que implica Dilma e Lula no caso.
Rodrigo Janot
Procurador-geral da República, é o principal responsável pela operação lava-Jato, que já leva 120 presos, entre os quais presidentes e CEO’s das maiores empresas do Brasil e das e os seus processos paralelos. Nomeado, ipso facto, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, em 2015, pela revista Foreign Policy.
Sérgio Moro
É o juiz federal que tem julgado e condenado muitos dos protagonistas de toda a operação Lava Jato. O super juiz que parece acreditar que consegue fazer no Brasil hoje aquilo que os seus homólogos italianos tentaram fazer no início dos anos 90 com a operação «mãos limpas».
Luís Cláudio Lula da Silva
O filho mais novo de Lula é suspeito de ter sido favorecido em diversas ocasiões pelo conhecimento antecipado de medidas do governo do pai. O esquema permitia-lhe depois ter vantagens na sua empresa de consultoria. É investigado na Operação Zelotes, por ter recebido 2,5 milhões de reais por um trabalho em que se limitava a reproduzir citações da Wikipédia.
Fábio Luís Lula da Silva
O filho mais velho e também conhecido por Lulinha, foi visitado esta sexta-feira, 4, pela Polícia federal. Há muito que circulavam rumores sobre o seu faustoso estilo de vida, em que não faltava sequer um jatinho de 50 milhões de dólares e uma mansão faraónica.
Alberto Youssef
Foi o primeiro dos delatores e o grande responsável pelo início da investigação que culminaria naquele que é hoje o maior caso de corrupção na história do Brasil. Em 2013, quando o investigavam por lavagem de dinheiro, as autoridades apanharam-no a oferecer um Range Rover Evoque negro a um director da Petrobrás.
João Santana
Costumava ser apontado como o maior génio de marketing político da América Latina e e foi director das campanhas presidenciais de Lula e de Dilma. Detido na passada semana, encontra-se em prisão preventiva por suspeita de receber avultadas quantias não declaradas da Odebrecht.
José Dirceu
Foi braço direito de Lula e era tido como seu sucessor natural. Até que foi apanhado pelo «mensalão». Já estava a cumprir pena em sua casa quando foi novamente preso, desta vez por causa da Laja-jato
Marcelo Odebrecht
Filho de Emílio Odebrecht, presidente da empresa homónima, que é a maior empregadora do Brasil, está preso preventivamente acusado de organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. «É para resolver essa bazófia ou a república cai na segunda-feira», terá dito, quando os agentes chegaram para o prender, num telefonema a alguém do Governo. O seu pai, confrontado há mais de dois anos com os rumores da prisão, terá afirmado: «Se prenderem Marcelo vão ter de arranjar mais três celas – uma para mim, outra para Lula e outra para Dilma». Frases que hoje soam a premonitórias.
André Esteves
Dono do maior Banco de investimento do Brasil, está agora em prisão domiciliária, mas chegou a estar preso em Bangu, a célebre penitenciaria do Rio de Janeiro. Ter-se-á oferecido para «comprar», vitaliciamente, o delator de Delcídio do Amaral.
Otávio Marques Azevedo
Ex-CEO da Andrade Gutierrez, outras das grandes empresas de construção e obras públicas do Brasil, dona, em Portugal, da antiga Zagope, hoje Andrade Gutierrez Europa, África, Ásia. Está em prisão domiciliária por suspeitas de corrupção ativa.