Três semanas depois dos ataques terroristas contra o Charlie Hebdo, o Governo francês lançou uma página na internet para prevenir o terrorismo jihadista e para incentivar a colaboração dos cidadãos para combater o radicalismo.
Através de um vídeo, o Executivo de François Hollande apresenta diferentes argumentos com o objetivo de desmontar os ideais utilizados pelos terroristas para recrutar seguidores.
“Eles dizem-te: ‘sacrifica-te junto a nós, e defenderás uma causa justa.’ Na realidade, descobrirás o inferno na terra e morrerás sozinho e longe de casa. Eles dizem-te: ‘Vem formar uma família com um dos nossos heróis.’ Na realidade, educarás os teus filhos na guerra e no terror. Eles dizem-te: ‘Junta-te a nós e vem ajudar as crianças sírias.’ Na realidade, serás cúmplice de um massacre a civis. Eles dizem-te: ‘Vives num mundo de infiéis impuros. A verdade está aqui.’ Na realidade, como únicas verdades descobrirás o horror e o engano. Os discursos de captação dos jihadistas provocam novas vítimas a cada dia,” é o que se pode ler no vídeo.
A página na internet tem como objetivo alertar a população para os primeiros sinais de radicalização que são apresentados aos jovens e disponibiliza um número de telefone gratuito, para que os cidadãos possam esclarecer todas as dúvidas e alertar as autoridades para comportamentos suspeitos.
Mediante um gráfico, a mesma página, enumera os seguintes indícios como possíveis fatores de radicalização: se uma pessoa começa a desconfiar dos seus amigos mais antigos (que agora considera ‘impuros’), se afasta os membros da sua família ou muda bruscamente de vestuário ou hábitos alimentares, se abandona a escola ou a atividade profissional e desportivas, se deixa de escutar música ou de ver cinema (porque o distrai da sua missão) ou se frequenta sítios ou redes sociais de caráter radical ou extremista.
Esta página esclarece, ainda, que cada situação é específica e apresentar um ou dois destes sintomas não implica, necessariamente, uma radicalização.
Alguns aspetos deste novo website levantaram já algumas críticas, já que alguns consideram os sintomas de condutas radicais demasiado amplas e podem contribuir para estigmatizar muitas pessoas. “Deixei de fazer desporto. Posso ser considerado um terrorista?”, questionou Samia Hathroubi, ativista pelos Direitos Humanos através do Twitter.