Quais são as suas extravagâncias como homem rico?
Não sou rico. Tenho fama de rico, comportamento de pobre. Estou bem assim. É um estilo que ficou muito dos períodos difíceis. Nasci em plena Guerra. A única extravagância é comprar um carro caro, de 14 em 14 anos.
O que aconteceu agora, não é?
Sim. Foi um período divertido. Toda a gente me queria vender um carro. E andei, nos últimos dois anos, a escolher e a experimentar os carros que aqui me punham aos fins-de-semana.
Como gostaria que os seus netos honrassem a sua memória?
Não se podem emitir decretos tipo fatahs muçulmanas. Os valores e os hábitos mudam, o estilo de vida das crianças é cada vez mais liberal. O que era crime deixa de ser, a família é cada vez mais uma manta de retalhos, vão uns para cada lado. Por acaso, ainda somos uma família à moda antiga. Mas eles têm de ser aquilo que quiserem ser. Já cá não estarei para controlar isso. E seria estúpido querer controlar.
Como vai garantir que não se cumpra aquele ditado segundo o qual os primeiros fazem, os segundos usufruem, os terceiros destroem?
Não se pode garantir. É preciso manter uma relação de transparência, uma certa liberdade, não fazer julgamentos apressados.
Balsemão criou uma fundação para o seu património, deixando pensado e configurado como tudo deve ser gerido…
Ando há cinco anos a fazer isso. Tenho quatro consultores. Não é fácil. Já tenho um calhamaço de decisões. Está quase tudo escrito. Mas é complicado.
Pensa na morte?
Como é que é?! Naaaaaaaaão.
(Entrevista publicada na VISÃO, em 28 de janeiro de 2010)