Carlos Costa admite voltar a analisar idoneidade de José Maria Ricciardi
O processo de análise da idoneidade dos gestores de instituições financeiras está sempre em aberto, salientou esta segunda-feira o governador do Banco de Portugal, admitindo voltar a avaliar a liderança de José Maria Ricciardi no BES Investimento.
Questionado na comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES/GES sobre as razões que levaram o Banco de Portugal a insistir no afastamento dos elementos da família Espírito Santo dos órgãos sociais do Banco Espírito Santo (BES), mas permitindo a permanência de Ricciardi na liderança do BES Investimento, Carlos Costa deixou no ar a possibilidade de voltar a analisar a matéria.
“Ricciardi, tal como os outros elementos da famílias Espírito Santo, foram afastados dos órgãos de gestão do BES. [Ficou decidido que] os elementos da família que continuavam nas filiais, enquanto não fosse provada a falta de idoneidade, ficavam”, afirmou.
Reembolso da dívida com garantia estatal de 3,5 mil ME vai ser discutido com Governo
O Banco de Portugal e o Governo vão, conjuntamente com a administração do Novo Banco e à luz das regras europeias, analisar o reembolso de 3,5 mil milhões de euros de dívida garantida pelo Estado em 2015, segundo o governador.
“É uma matéria que tem de ser vista entre nós, o Ministério das Finanças, o Novo Banco e à luz do enquadramento europeu”, afirmou Carlos Costa, líder do supervisor, depois de questionado sobre o tema durante a sua audição na comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES, que hoje arrancou.
A dívida foi emitida pelo BES, mas passou para o Novo Banco, a entidade transitória resultante da medida de resolução aplicada ao BES no início de agosto
“Braço-de-ferro” com Salgado por causa da liderança
A resistência do Banco de Portugal à proposta feita pelo ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, para que o seu sucessor fosse Amílcar Morais Pires levou a um “autêntico braço-de-ferro” entre as partes, admitiu o governador.
“Houve da parte do Dr. Ricardo Salgado uma lógica de facto consumado. Chamei-lhe a atenção que [o Grupo Espírito Santo (GES)] não tinha a maioria do capital, pelo que não podia dar como consumada uma nomeação sem ter uma maioria acionista para tal”, revelou o líder do Banco de Portugal (BdP).
Em causa estava a sucessão de Salgado à frente dos destinos do Banco Espírito Santo (BES), tendo sido anunciado que o então administrador financeiro, Morais Pires, considerado o braço direito de Salgado, assumiria o cargo.
Processos sancionatórios instaurados
O Banco de Portugal já instaurou processos sancionatórios no âmbito das investigações em curso ao Banco Espírito Santo (BES), avançou Carlos Costa, sem revelar detalhes devido ao segredo de justiça.”Até à presente data, o BdP já instaurou diversos processos sancionatórios que estão protegidos pelo segredo de justiça”, afirmou Carlos, Costa, líder do Banco de Portugal, durante a sua audição na comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), que hoje teve início na Assembleia da República.
Na base destes processos estão quatro matérias distintas, especificou o governador, desde logo, as avaliações de colocação de risco na comercialização de papel comercial da Espírito Santo International (ESI) no mercado e, paralelamente, a ocultação de informação por parte da ‘holding’ de topo do GES.
BdP espera ofertas vinculativas pelo Novo Banco até “meio do 2º trimestre”
Carlos Costa disse hoje esperar até “meio do segundo trimestre” de 2015 as ofertas vinculativas para a compra do Novo Banco.
As ofertas indicativas deverão surgir no começo do próximo ano e as vinculativas entre abril e “meio do segundo trimestre”, disse o governador no parlamento, falando na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
“Temos indicação que há interessados” no Novo Banco, declarou, acrescentando que se for encontrada uma solução onde seja garantida, por exemplo, a “concessão de crédito necessária” à economia ter-se-á “passado ao lado de uma tempestade”.