
“Quando se faz uma busca, não se está a pesquisar na internet – nós já realizámos esse trabalho, previamente – mas, antes, no nosso índice”, explica Ben Gomes, 48 anos, um dos principais responsáveis mundiais pelo departamento de pesquisa do Google. Gomes é um cidadão do mundo. De origem indiana – o apelido é uma herança portuguesa -, nascido na Tanzânia e criado em Bangalore, na Índia, acabaria por fixar-se nos EUA em 1987, para onde foi, aos 18 anos, estudar na Universidade de Cleeveland e, posteriormente, em Berkeley, tendo concluido os estudos no International Computer Science Institute.
O “diplomata da pesquisa”, como já foi apelidado, está, agora, empenhado em adivinhar o que queremos procurar, mesmo quando nos expressamos de forma menos correta.
“A pesquisa vai evoluir em muitas direções, mas uma em que estamos a apostar fortemente é a da noção de conhecimento. Não queremos dar às pessoas um conjunto de informações que contêm a resposta à sua busca mas, antes, a resposta em si.” E isso já vai acontecendo, em alguns casos específicos. Quando perguntamos ao Google qual a altura do Empire State Building, em Nova Iorque, a resposta surge, em metros e em pés, antes das sugestões de páginas que contêm a resposta.
Fornecer a resposta certa implica que a formulação da pergunta seja a mais precisa. E o Google também está a desbravar esse caminho, tentando adivinhar o que queremos pesquisar, à medida que digitamos as palavras-chave da busca. “Queremos que a ideia, na sua cabeça, seja expressa tão depressa quanto possível, para podermos dar uma resposta ainda mais rápida. É por isso que, enquanto escreve, começa a receber sugestões para coisas que talvez queira pesquisar. Trabalhamos muito para perceber realmente o que as pessoas procuram, para melhorar a entrega de resultados”, sublinha Gomes. O próximo passo é interpretar o que escrevemos. “Quando alguém escreve no espaço de pesquisa ‘mudar o brilho do meu monitor’, o que realmente quer dizer é ‘ajustar o brilho do meu monitor’ e é a resposta a essa solicitação que vamos fornecer.” O caminho, ambicioso, é por aqui, garante Ben Gomes: “No futuro, queremos ter a sabedoria perfeita e dizer-lhe qual a pergunta certa a fazer.”

Curiosidades: 3 perguntas a Ben Gomes
Qual foi a última pesquisa que fez no Google?
… estava à procura de algo sobre uma série de TV que vejo regularmente… Chama-se The Wire, mas já não sei bem o quê… É uma série fantástica, soube que é a preferida do Presidente Obama.
É verdade que recebeu um ZX Spectrum recentemente?
(Risos) SIm, foi uma prenda da minha namorada. Ainda funciona, mas é apenas uma curiosidade. Em 1985, tive o meu primeiro computador, precisamente um ZX Spectrum que o meu irmão comprou em Londres – na Índia, não existiam computadores, a não ser que alguém os levasse do exterior. Sem o Spectrum, não sei se algum dia teria feito o curso que fiz. Foi aí que tudo começou.
O seu apelido é Gomes. Tem raízes familiares portuguesas?
A minha família é de Goa e a primeira língua do meu pai era o português. Estive em Goa há poucas semanas e apercebi-me de que não era uma colónia portuguesa mas, antes, parte do País e eu não tinha noção disso. O meu irmão fala um pouco de português e o meu pai, que morreu há alguns anos, sempre que contava uma história, fazia-o em português. Eu sei uma ou outra palavra, mas não falo português. Os amigos do meu irmão cresceram a falar português e é a língua que utilizam para falar entre si.
