A matriz ficou definida logo em 1896, quando os Jogos Olímpicos renasceram, em Atenas, sob o impulso do barão Pierre de Coubertin, mas também graças ao apoio fundamental dos nacionalistas gregos, que financiaram a empreitada. Numa época em que o desporto ainda era, na maioria, um entretenimento de elites e ninguém tinha descoberto o seu potencial comercial, os gregos viram nos Jogos uma oportunidade única para se afirmarem no concerto das nações.
As circunstâncias assim o obrigavam: a Grécia procurava consolidar a sua independência, após uma guerra longa e intermitente, desde 1821, de quase quatro séculos de ocupação otomana. Internamente, a situação mantinha-se instável: a república instaurada depois da independência fora substituída por uma monarquia e quase que imposta pelas congéneres europeias, que tinham auxiliado os gregos no longo conflito contra os otomanos. Por ter sido o primeiro país a libertar-se do inimigo otomano, a Grécia já estava sob o olhar dos europeus e ainda mais ficou quando foram descobertos e começaram a ser explorados novos achados arqueológicos, como os de Olímpia, onde se realizavam os mais importantes Jogos Olímpicos da Antiguidade.