Paulo Bento negou sexta-feira que tenha pedido para abandonar o cargo de selecionador nacional, embora a decisão tenha sido tomada em “comum acordo” com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e rejeitou qualquer influência do empresário Jorge Mendes.
Em entrevista à RTP, o treinador português explicou que o presidente da FPF, Fernando Gomes, expressou a vontade em continuar a contar consigo na seleção, mas que os “restantes elementos da direção” preferiram optar pela sua saída.
“Muito possivelmente, se fosse só por vontade de Fernando Gomes, ainda seria o selecionador. Mas, dentro da direção da FPF, chegou-se à conclusão de que seria melhor prescindir dos meus serviços”, afirmou Paulo Bento.
O agora ex-selecionador nacional assumiu que as “condições não eram ótimas”, após a derrota com a Albânia (1-0) no arranque da qualificação para o Euro2016, e que a questão da renovação da equipa não era unanime entre todos os responsáveis da FPF.
“O resultado não foi o desejável, num jogo em que havia a obrigatoriedade de ganhar, independentemente da forma como estávamos a jogar. Isso acabou por trazer à baila muita coisa que se pode ter passado no Mundial2014. Mostrou que as coisas não estariam com cola e acabámos por chegar a esta situação, em que a direção entendeu por bem cessar o contrato”, referiu.
Embora “sem certezas”, Paulo Bento não acredita que Cristiano Ronaldo, o “capitão” da seleção, tenha tido influência na decisão da sua saída.
Quanto a Jorge Mendes, que o representa, o técnico luso negou qualquer “interferência” do empresário nas suas escolhas no tempo em que liderou a seleção.
“Jorge Mendes representa muitos jogadores e também o selecionador nacional, e representou igualmente selecionadores anteriores. Existe entre nós uma relação profissional e, à parte, uma relação de amizade. Mas, cada um sabe as suas funções e nunca, em momento algum, o Jorge teve qualquer tipo de interferência”, frisou.
O ex-treinador do Sporting afirmou também que nunca sentiu que qualquer jogador estivesse contra si e abordou as ausências de Tiago e Danny no lote de convocados no Mundial2014, acusando mesmo o extremo do Zenit São Petersburgo de falta de compromisso com Portugal.
“Sobre o Tiago, não fazia sentido convocar um jogador que tinha decidido não jogar pela seleção. A situação de Danny é muito simples e não tem nada a ver com um episódio disciplinar. Não senti da parte dele o compromisso. É um bom homem, é inteligente e sabe a compreensão e solidariedade que tive com ele. Após o jogo com Israel, ele não teve a compreensão que se exigia da parte dele”, explicou.
Paulo Bento revelou também que foi convidado para renovar com a seleção ainda antes do segundo jogo com a Suécia, do “play-off” de acesso ao Mundial2014, e negou que Campinas tenha sido uma má escolha para permanecer durante a fase final da competição.
“Falando das equipas que treinaram no calor, se compararmos com a Croácia já não podemos dizer o mesmo. Das quatro que estiveram nas ‘meias’, nenhuma esteve no calor. A Itália, segundo consta, treinou numa sauna e veio embora na mesma altura do que nós. O que não tivemos foi capacidade nos jogos”, considerou.
O antigo selecionador negou igualmente que tenha levado para o Brasil jogadores que estavam com problemas físicos.
“O que fizemos foi chegar ao primeiro jogo com todos os jogadores disponíveis. Depois disso, aconteceu um número de lesões que não é normal. O jogo é o momento em que os jogadores têm mais risco para lesionar. A informação que tínhamos era de que todos estavam aptos para treinar e jogar. As lesões que tivemos é uma situação invulgar, mas pelo treino e cuidado, que não foi nada de diferente, não encontro algo relacionado com o nosso processo de treino”, concluiu.