“Disseram-me que o Vítor Baía não estava mais nos planos do FC Porto, que não jogaria mais e que estava em conflito com o seu treinador e com a direção. Foi o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, que me disse isto. A partir daí passei a olhar com outros olhos para o Vítor Baía”, afirmou Luiz Felipe Scolari em entrevista à RTP.
“Na federação também ouvi umas histórias sobre o balneário, sobre comando, sobre liderança e a partir daí decidi que não iria convocá-lo nunca mais”, explicou.
O técnico brasileiro contou que Pinto da Costa tinha uma “grande influência” nas escolhas dos jogadores para representar a seleção portuguesa e que isso acabou por ser a razão da relação conturbada que teve com o presidente do FC Porto, nos cincos anos e meio que orientou Portugal. “Ele pode opinar sobre um ou outro jogador, ele pode numa conversa muito interessante com o presidente da Federação sugerir a ideia de jogar aqui ou jogar lá. Senti muita destas influências e por isso tive esta rixa. Foi uma rixa que acabou a partir do momento em que saí da seleção”, disse Scolari.
O agora treinador do Palmeiras considerou que em Portugal foi vitima que “discriminação” no episódio com Dragutinovic, em que terá agredido o defesa sérvio após um encontro de qualificação para a fase final do Euro2008. “Foi o pior momento que tive porque algumas pessoas entenderam que foi um gesto de agressão, um gesto que Portugal não estava acostumado. Houve um pouco de discriminação. Fui defender o menino, o Quaresma”, referiu.
A derrota frente à Grécia na final do Euro2004 também deixou “marcas” em Scolari, que classifica esse momento como “um dos piores” da sua carreira. “Tinha sido fantástico conquistar o Euro, já que seria um dos poucos treinadores na história do futebol a conquistar o Mundial, em 2002, e depois logo de seguida o Euro. Foi pena”, lamentou.
Sobre a participação da seleção lusa no próximo Europeu, que arranca a 8 de junho na Polónia e Ucrânia, o treinador brasileiro Portugal considerou que Portugal tem condições para chegar às meias-finais e valorizou o trabalho de Paulo Bento. “Portugal pode chegar bem longe e ficar entre os quatro finalistas. O trabalho do Paulo Bento tem sido muito bom. Quando pegou na seleção estava difícil e hoje tem uma equipa equilibrada e boa”, disse.
Aos 63 anos, Luiz Felipe Scolari tenciona terminar a sua carreira de treinador em 2014 e só irá regressar a Portugal como “turista”. “Estão aparecendo bons jovens técnicos em Portugal e eu estou no fim da carreira, por isso só voltarei como turista”, concluiu.
Ao comando da seleção portuguesa, Scolari alcançou a final do Euro2004, as meias-finais do Mundial2006 e os quartos-de-final do Euro2008.