Bono Vox não suporta a maioria das músicas dos U2, a sua banda de sempre e uma das mais populares da história da música. O cantor irlandês assumiu o desdém pelo reportório dos U2, sobretudo o mais antigo, durante uma entrevista, esta semana, ao podcast Awards Chatter, que tem como anfitrião Scott Feinberg, colunista da revista norte-americana The Hollywood Reporter. Mais: Bono revelou que nunca gostou do nome da banda e que o sentimento se mantém, 46 anos e mais de 150 milhões de discos vendidos depois. Aliás, o carismático vocalista vai ao ponto de afirmar que, até há pouco tempo, nem sequer apreciava a sua voz.
“Só me tornei cantor recentemente, mas se calhar os ouvidos de algumas pessoas ainda não deram por isso e eu compreendo”, dispara, numa autocrítica corrosiva sobre o seu timbre de “macho irlandês” que lhe soava sempre “tenso”.
A esse propósito, Bono recorda a mensagem que o cantor britânico Robert Palmer lhe enviou na década de 1980, através do baixista dos U2, Adam Clayton: “Meu Deus, algum dia vão dizer ao vosso vocalista para baixar um pouco o tom de voz? Faria um favor a ele próprio e a nós todos que temos de o ouvir.”
Bono iliba os outros elementos da banda – “o som é incrível” -, mas diz não conseguir apreciar a maior parte das canções. “Aquela que consigo ouvir mais é Miss Sarajevo, com Luciano Pavarotti”, admitiu, acrescentando que o tema Vertigo, do álbum de 2004 How to Dismantle an Atomic Bomb, é “provavelmente” o que o deixa “mais orgulhoso”, pela forma “como se liga com os fãs”. E não sobra muito mais: “Genuinamente, a maioria das outras músicas envergonha-me um pouco.”
“Uma vez ia num carro, começou a tocar uma música nossa na rádio e até fiquei vermelho”, exemplificou, mantendo sempre o tom depreciativo. “Acho que os U2 caem muitas vezes no embaraço.”
Para o nome da banda, o vocalista de 61 anos reservou mais acidez. “Não gosto mesmo. Na nossa cabeça, era como um avião de espionagem, algo futurístico, mas continuo sem gostar mesmo nada do nome”, afirmou. Prevaleceu a opinião do primeiro manager da banda, Paul McGuinness, contou Bono: “Ele disse ‘é um grande nome e vai ficar bem numa T-shirt, uma letra e um número.” E muitas t-shirts se venderam, ao som de êxitos como One, Where The Streets Have No Name ou With or Without You.