“Além da curta imaginação”, o segundo álbum a solo de Ana Bacalhau, recordou a cantora em entrevista à Lusa, começou a ser criado antes da chegada da pandemia da covid-19 a Portugal, em março do ano passado.
A canção que abre o álbum, “Memória”, foi gravada em janeiro. Até ao início de março, a cantora ainda conseguiu gravar mais duas, mas entretanto foi decretado o confinamento e o trabalho foi interrompido.
“Voltámos ao disco em junho e terminámos em setembro”, recordou Ana Bacalhau, partilhando que o álbum que tinha pensado em janeiro “não é o mesmo que acabou por ser gravado em setembro”.
A cantora quis que esse “caminho”, que viveu e atravessou durante a pandemia, “estivesse presente e patente” em “Além da curta imaginação” e, por isso, acabou por fazer um alinhamento “praticamente cronológico” dos 11 temas que compõem o álbum.
“Aí se sente esse caminho que começa com disco que começa sumptuoso, cheio de texturas, com canções bastante assertivas e cheias de informação e de arranjos e depois vai-se despindo e acaba com a ‘Tudo de bom’, que é porventura a mais despida do disco, se calhar fruto desse confinamento em que estava em casa, silêncio, quietude”, partilhou.
No novo trabalho, Ana Bacalhau quis explorar sonoridades mais eletrónicas, mas sem abandonar o lado acústico de “Nome Próprio”, álbum de estreia a solo que editou em 2017.
A “introdução dos elementos eletrónicos” nas suas canções começou com “O erro mais bonito”, tema que gravou em 2019 em dueto com Diogo Piçarra e produzida por aquele cantor.
“Achei graça e queria continuar. Achava que fazia mais sentido ir por aí do que voltar ao completamente acústico. No álbum queria alguém que tanto estivesse bem a produzir algo com instrumentos acústicos e pouca eletrónica como com muita eletrónica e cheguei ao Twins, que tem essas duas valências”, referiu.
Em “Além da curta imaginação” volta a cantar letras suas, de Francisca Cortesão, Jorge Cruz e Nuno Prata, mas também de outros escritores de canções.
Os convites feitos aos D’Alva, Tainá, Mafalda Veiga e Átoa vieram de uma “curiosidade de perceber” como estes músicos a viam e o que escreveriam quando pensavam nela.
“Tive outros autores e outras canções que não chegaram a este disco. Tive que escolher canções que formassem um conjunto harmonioso”, partilhou.
O álbum físico conta com ilustrações de Mariana a Miserável, cujo traço Ana Bacalhau achou que seria “perfeito para o disco”.
“Disse-lhe que queria um universo de sonho, algo que se entrançasse em mim, que estivesse a interagir com a fotografia da capa, em que estou a olhar além, quando estou a falar de construir mundos, que criamos na nossa cabeça e depois materializados e construímos para este mundo. Ela apresentou-me aquele mundo perfeito, onde eu habito na boa”, disse.
As ilustrações de Mariana a Miserável também farão parte do espetáculo de apresentação de “Além da curta imaginação”, marcado para 12 de novembro no Capitólio, em Lisboa.
“Em palco vou construir duas estruturas em que vamos projetar as ilustrações da Mariana e dar-lhes uma vida própria, para ajudar a criar esse universo da capa do disco no palco”, revelou a cantora, que estará acompanhara por Eugénia Contente nas guitarras, Guilhermo Melo na bateria, Manuel Oliveira nos teclados e José Pedro Leitão no baixo.
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