Louvre Abu Dhabi
Emirados Árabes Unidos
Um marco criado pelo arquiteto Jean Nouvel
A utopia e arrojo associados a este projeto provocou perturbações no paradigma museológico e nas certezas ocidentais: um Louvre do outro lado do mundo? Um Louvre no mundo árabe? Prestes a abrir portas ao público, depois de uma pré-inauguração com figuras dos Emirados Árabes e de França, com um atraso de cinco anos face ao primeiro prazo estabelecido, e uma fatura associada superior a mil milhões de dólares (cobrindo o projeto arquitetónico, protocolos vários, incluindo os cerca de €300 milhões pagos ao Louvre pela utilização do nome da instituição museológica durante os próximos trinta anos), o Louvre Abu Dhabi confirma-se como um colosso que vem medir forças no circuito internacional. O museu de linhas irredutivelmente futuristas, encimado por uma cúpula rendilhada, criando jogos de luz e sombra, parcialmente banhado pela água e instalado na ilha Saadiyat (o quarteirão destinado às artes e cultura concebido pela Autoridade para o Turismo e Cultura de Abu Dhabi), tem vocação “universalista”, assumindo-se como “um novo centro de gravidade cultural”, “lugar de descoberta, intercâmbio e educação” que, dizem os responsáveis, terá um “importante papel social nos Emirados Árabes Unidos”. Em suma, o primeiro “museu universal”. O acervo do Louvre Abu Dhabi aposta na arqueologia, pintura e artes decorativas, abrangendo várias épocas e origens geográficas. Cerca de 300 obras de arte da coleção permanente estarão em exibição, além de 300 outras emprestadas por museus franceses, apresentadas num espaço expositivo com cerca de onze mil metros quadrados (nove mil destinados à coleção permanente, dois mil para mostras temporárias). A curadoria estabelece diálogos entre peças de civilizações e geografias diferentes – um busto da Nigéria, datado entre 500 e 100 anos a.C., repousa ao lado de um vaso maia catalogado de 300 e 100 anos a.C.; uma pintura abstrata com treze metros, do pintor Cy Twombly, recebe os visitantes no hall austero, reminiscente das medinas árabes; uma obra de Ai Weiwei, Fountain of Light (2016) dialoga com uam peça dedicada aos triunfos bolcheviques, Monument to the Third International (1919-20) de Vladimir Tatlin… O Louvre Abu Dhabi quer contar a história da arte de um ponto de vista diferente do europeu: há críticos que saudaram a visão universal, outros duvidam da estratégia e do público a que se dirige. Mas o novo museu do território, a que se juntará, dizem os seus líderes, um futuro Gugenheim Abu Dhabi, é já um marco que ultrapassará as fronteiras do mundo árabe.
DATA DE INAUGURAÇÃO: 11 novembro 2017
Museu da Romanidade
Nîmes, França
A homenagem de Elizabeth de Portzamparc
Esta caixa de vidro transparente revestida de mosaicos, evocativos da herança romana, e com linhas inspiradas pelo movimento das pregas das togas antigas, contrasta com a vizinha Arena de Nîmes, um anfiteatro romano datado do ano 27 a.C.. O projeto futurista dedicado à celebração da história romana, e destinado a revitalizar a cidade e os seus fluxos turísticos, custou perto de €36 milhões, e inclui auditório, livraria, centro de documentação, restaurante, cafetaria, vastos jardins, terraço panorâmico, e um acervo de cinco mil artefactos.
DATA DE INAUGURAÇÃO: 2 de junho 2018
Centro Botín
Santander, Espanha
O museu pioneiro de Renzo Piano
O primeiro edifício projetado pelo arquiteto italiano em território espanhol não passa despercebido: as suas duas galerias separadas ao meio, à maneira de um fruto aberto, criaram uma ousada volumetria no porto de Santander. À dupla estrutura erigida (em colaboração com o ateliê Luis Vidal Architects) foi ainda aplicada uma pele cerâmica composta por 270 mil discos que refletem a luz, os tons do céu e os movimentos da água. Somadas as áreas expositivas, o Centro Botín, projeto ambicioso orçado em €80 milhões, tem mais de 10 mil metros quadrados, ocupados por duas galerias, auditório com capacidade para 300 pessoas, terraço, e um segundo auditório ao ar livre. A intervenção arquitetónica prolongou-se à paisagem circundante, a zona histórica dos Jardines de Pereda expandidos em colaboração com o arquiteto paisagista Fernando Caruncho. O centro é a casa permanente da Fundação Botín, fundada em 1964 pela poderosa família de banqueiros, que tem dinamizado o circuito das artes plásticas, sobretudo no que respeita aos artistas emergentes. A sua missão? Revitalizar Santander e criar um eixo de influência na região, em conjunto com o Guggenheim de Bilbao, concebido por Frank Gehry e localizado a cerca de cem quilómetros.
DATA DE INAUGURAÇÃO: 23 de junho 2017
Museu do Futuro
Dubai, Emirados Árabes Unidos
O projeto visionário de Shaun Killa
O Museu do Futuro promete revoluções, a começar pela utilização de técnicas arquitetónicas inovadoras, próximas do prodígio. Localizado na Sheikh Zayed Road, o museu tem uma imponente estrutura metálica ovoide, simbolizadora do desconhecido, parcialmente construída com tecnologias 3D. Uma escolha ambiciosa, com custos previstos de 136 milhões de dólares, adequada ao lema defendido pela instituição: “See the future, create the future [vê o futuro, cria o futuro]”. Pensado para ser um centro de inovação, dedicado à ciência, aos avanços tecnológicos e às preocupações ambientais com o clima e a sustentabilidade das populações, o museu incluirá uma incubadora para produção de novos inventos e protótipos. A sua missão, assumem os responsáveis, é liderar a mudança e originar “visões futuristas para um mundo melhor”. Um museu único.
DATA DE INAUGURAÇÃO: abril de 2019
Centro para a Cultura Mundial King Abdulaziz
Dharan, Arábia Saudita
O museu original do Atelier Snøhetta
Poderia integrar uma paisagem da saga A Guerra das Estrelas, ou ter resultado do gesto infantil de equilibrar seixos da praia. O King Abdulaziz Centre for World Culture é, certamente, um dos novos museus mais originais, e a factura de €750 milhões comprova o esforço empreendido na construção deste complexo de cem mil metros quadrados, cobertos de finos tubos metálicos, à maneira de uma impressão digital. Concebido para abrigar grandes exposições, conferências e cerimónias, o edifício inclui museu, arquivo dedicado à história cultural do país, auditório, biblioteca, e uma denominada Torre do Conhecimento com 18 andares, elevada 90 metros acima do solo. O museu pertence à companhia petrolífera Saudi Aramco, e ambiciona ser um “farol” cultural e tecnológico ligado às raízes da região. Criticado por ter aceite este projeto, o prestigiado atelier norueguês Snøhetta respondeu que “os arquitetos têm uma responsabilidade para com os países com regimes autoritários de os empurrar no sentido do progresso político”.
DATA DE INAUGURAÇÃO: dezembro de 2016
Museu da Bíblia
Washington, EUA
O projeto imersivo do atelier SmithGroupJJR
Entra-se através dos Portões de Gutenberg, as gigantescas portas de bronze esculpidas com citações do Génesis. O novo edifício tem cerca de 430 mil metros quadrados divididos entre galerias, arquivos e animações evocativas do Velho e Novo Testamento, num investimento estimado em 500 milhões de dólares. Ideia do multimilionário evangélico Christian Steve Green, o museu tem gerado expetativa e alguma desconfiança, dada a assumida missão ideológica que tem. O seu propósito, dizem os responsáveis, é usar tecnologia de ponta para trazer o mundo da Bíblia à vida – incluindo uma recriação do mundo de Jesus de Nazaré com atores e um jardim com plantas bíblicas.
DATA DE INAUGURAÇÃO: 17 de novembro 2017
Museu Zeitz de Arte Contemporânea
Cidade do Cabo, África do Sul
O projeto histórico do Heatherwick Studio
O Zeitz MOCAA é considerado o primeiro grande museu africano dedicado à arte contemporânea, uma conquista que responde à mudança de paradigma e à crescente importância da criação não europeia e norte-americana nos circuitos internacionais. O novo edifício, assinado pelo atelier Heatherwick Studio, está instalado num antigo silo de cereais com cerca de 57 metros de altura, impregnado com as memórias e tradições industriais da cidade. Mas a reconstrução deste pólo museológico explorou outras possibilidades, tendo resultado como um distinto exemplo da espetacularidade dominante em muitas das estruturas museológicas pensadas para responder aos desafios do futuro numa lógica de reinvenção do skyline urbano e de polarização económica: a torre envidraçada exterior, obediente a uma lógica minimal, abriga um surpreendente labirinto de espaços comunicantes, alienígenas, que lembram o desenho de um órgão − seja musical ou cardíaco. É um museu que, ainda antes de abrir portas, já fez história. O projeto de 38 milhões de dólares tem por missão guardar a extensa coleção do alemão Jochen Zeitz, colecionador, filantropo e ex-CEO da Puma, assim como as futuras aquisições previstas.
DATA DE INAUGURAÇÃO: 22 de setembro 2017
Museu Yves Saint Laurent
Marraquexe, Marrocos
O edifício minimalista assinado pelo Studio KO evoca a tradição arquitetónica marroquina, nas linhas puras e horizontais, na escolha da paleta cromática, nos materiais de construção utilizados. Honra igualmente a longa ligação sentimental do costureiro francês ao território marroquino, onde viveu durante largas temporadas, e assume-se como um dos dois pólos museológicos abertos como homenagem à vida e carreira de Saint Laurent (o outro museu abriu portas em Paris). O acervo contempla roupas de alta costura, desenhos e esquissos vários, fotografias, material documental…
Beit Beirut
Líbano
A villa otomana a que os habitantes cahamavam de Casa Amarela foi devastada durante a Guerra Civil. Três décadas depois, é um museu que mantém as marcas de balas dos snipers nas paredes, num projeto de Youssef Haidar, dedicado a uma programação cultural abrangente.
Museu da Fotografia
Londres, Grã-Bretanha
Museu privado, ligado à galeria sueca Fotografiska, que cria uma estrutura gêmea à existente em Estocolmo, este projeto será desenhado pelo atelier Fetcher Priest Architects no edifício Whitechapel Gallery. Dedicado a um vasto património fotográfico, a inauguração está prevista para o outono de 2018.
Design Society
Shenzen, China
Parceria entre o Victoria & Albert Museum e a holding China Merchants Shekou, o complexo do arquiteto Fumihiko Maki (Pritzker em 1993) albergará o Museu Guanfu, e integra uma zona-alvo de reabilitação urbana e dinamização cultural.
The Haus des Brotes
Asten, Áustria
A Casa do Pão tem uma estrutura escultórica e com forte impacto na paisagem arquitetónica da cidade. Mas o museu desenhado pelos Coop Himmelb(l)au aposta igualmente no impacto dos seus interiores, e aposta numa galeria flutuante, concebida para ser um “gabinete de curiosidades”.
Museu da Segunda Guerra Mundial
Gdansk, Polónia
Focado nas histórias quotidianas de civis e soldados, o singular edifício inclinado é uma criação do Studio Architektoniczne Kwadrat. Concebido como um memorial dedicado à história europeia, conta com um vasto acervo fotográfico e documental.
Museu Yayoi Kusama
Tóquio, Japão
Dedicado à consagrada artista japonesa, o edíficio longilíneo criado pelo atelier Kume Sekkei trouxe um edifício marcante ao skyline da cidade japonesa. A estrutura ecoa elementos da obra da artista, dominada pela experiência imersiva, havendo bolas nas paredes e esculturas-abóbora no pátio interior.
MOCAPE
Shenzen, China
Concebido como um “jardim chinês tridimensional” pelo atelier austríaco Coop Himmelb(l)au, este museu de arte contemporânea, espécie de menir desconstruído, tem um interior de grande espetacularidade arquitetónica e oferece vista sobre a cidade. É um dos múltiplos projetos dedicados à arte que a China está a construir, a grande velocidade.