Teremos sempre Roma, poderiam dizer os fãs de JP Simões, à espera de novidades. O músico prepara-se agora para editar um sucessor desse disco com nome de cidade lançado em 2013. Tremble Like a Flower terá dez canções abrigadas sob um título retirado a Let’s Dance, de David Bowie.
“Faço dos músicos que admiro, como Chico Buarque, figuras paternas. Bowie é mais uma figura fraterna, nessa libertinagem inteligente de corpo e de espírito”, diz o cantor. E conta que a homenagem assume a influência do som underground nova-iorquino (pressentido no derradeiro disco do britânico, Black Star) nos arranjos de Tremble Like a Flower, a que se juntaram ambientes sonoros como os de Brian Eno, trabalhados pelo músico e produtor Miguel Nicolau (guitarrista dos Memória de Peixe).
“A música está muito diferente de tudo o que fiz até hoje”, declara JP Simões à VISÃO. E não é só porque é um disco cantado em inglês: “Hoje, para cantar em português, só ia dizer impropérios, portanto, usei algo mais abstrato. Uma língua prosódica, que uso como ferramenta pictórica, pouco preocupado com as letras. Isto é mais aguarela…”
O compositor andou a ouvir muito blues, muito Nick Drake, deixou-se atormentar pelo envelhecimento e pelo tempo, e as canções saíram, diz, “sem estar preocupado em ser revolucionário nem panfletário”. Sinal evidente de toda esta mudança é o novo alter ego assumido pelo músico: Bloom. Senhor Bloom, se se quiser uma irónica dignidade. Agendado para a rentrée, o disco pode ser ouvido ao vivo a 18 de agosto no meio do Atlântico, no Festival Maré de Agosto (Santa Maria, Açores), com o contrabaixista Carlos Bica como convidado.