O documentário ‘Revelando Sebastião Salgado’, dirigido por Betse de Paula, (a realizadora da comédia social ‘Vendo ou Alugo’, um sucesso de público e agora em cartaz no Brasil) é mais um dos concorrentes à categoria de longas brasileiras. De facto a realizadora brasileira conseguiu algo inédito em língua portuguesa (já houve algumas entrevistas internacionais) ao conseguir entrar em casa de um dos mais prestigiados fotógrafos mundiais num filme simples, que o deixa brilhar sozinho. E não é fácil porque Salgado, apesar da sua espantosa obra fotográfica e notoriedade internacional tem recusado por diversas vezes falar publicamente do seu trabalho e da sua vida privada. Contudo isso deve-se ao facto de que o argumento de ‘Revelando Sebastião Salgado’ foi escrito em conjunto por Betse de Paula e por Juliano Salgado, filho do fotógrafo. No entanto isso não tira nada o mérito ao filme, já que ‘Revelando Sebastião Salgado’ (2012) é uma fabulosa entrevista, deliciosamente intimista e quase familiar (também para o espectador), com o fotógrafo brasileiro, nascido em Minas Gerais, radicado desde a década de 70 em França (Paris) e grande mestre da fotografia e das causas sociais e ecológicas. O fotógrafo abre as portas de seu apartamento, que funciona como escritório da sua agência e estúdio privado. Ao longo de cerca de 75′ vai contando de uma forma clara, sincera e às vezes até comovente, o seu percurso de vida: desde a infância na pequena cidade mineira de Aimorés, até às suas mais recentes viagens a locais inóspitos do planeta para criar ‘Genesis’, um projeto que está no terreno e que visa fotografar a natureza no seu explendor, ainda intocável pelo homem, por esse mundo fora. Salgado fala ainda da sua formação como economista, como abandonou a organização internacional do comércio de café, como despertou para a fotografia, o seu início como correspondente de guerra, do sindroma de Down do seu filho mais novo, da sua fotografias social e de denúncia, e da sua paixão pelos processos fotográficos a preto e branco. A estrutura do documentário é brilhante já que começa com Juliano Salgado a acompanhar a equipa de filmagens até a intimidade doméstica do pai. Tudo leva a crer que é nas cumplicidades familiares do filho (também ele realizador) que se vai concentrar tudo. No entanto, o filme acaba por centrar-se exclusivamente na narração autobiográfica do ‘Tião’ (como é ternamente tratado) ilustrada pelas extraordinárias imagens fotografadas em toda sua carreira e por registros de viagem fotografados pelo seu assistente e pela sua mulher de sempre: Lélia Wanick Salgado. O filme argentino ‘Vinimos de Muy Lejos’, é uma obra curiosa já que é um misto de documentário e registo da teatralização (ficcionada) da chegada à Argentina dos imigrantes no começo do séc. XX. Trata-se de um espectáculo que o grupo de teatro comunitário Catalinas Sur apresenta desde 1990 com a participação dos moradores do bairro, que procura representar a vida dos filhos e netos desses imigrantes. Na verdade o objectivo deste projecto cultural é a integração social na diversidade, procurando uma ampla solidariedade entre todos, na melhoria das vivências no bairro, escola, campo de futebol, praça, grupo de teatro e na concepção colectiva deste filme. Uma obra útil embora algo amadora e contra-corrente. A competição de curtas-metragens brasileiras continua a surpreender com filmes muitos bons, como é o caso de ‘Tomou Café e Esperou’ (2013), de Emiliano Cunha, uma emocionante história sobre a solidão dos idosos, que é mais uma candidata aos vencedores de Gramado 2013.
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