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Uma rapariga como as outras
A cantora escocesa Amy Macdonald está de regresso, com novo disco. A Curious Thing sucede a This Is the Life, que, aos 20 anos, a tornou uma estrela planetária. Hoje, apenas quer ter uma vida normal
A chuvosa manhã de Inverno passada num hotel de Madrid, em maratona de entrevistas, não lhe retira o sorriso. Aos 22 anos, a escocesa Amy Macdonald está a viver um verdadeiro sonho pop e quer aproveitá-lo ao máximo. Do seu primeiro disco vendeu mais de 3 milhões de cópias – um número impressionante, nestes tempos de crise na indústria discográfica. This Is the Life transformou-a numa estrela à escala planetária, quando era pouco mais que uma adolescente.
“Tinha sonhado com isto, como toda a gente que faz música, mas, neste tipo de indústria, não se pode esperar nada, porque nunca se sabe como vai correr. Podemos até escrever a melhor canção do mundo e não vender grande coisa, por isso só posso dar graças pelo que me aconteceu”, diz, confiante, agora que tenta ultrapassar a sempre difícil prova do segundo disco. As expectativas são, para já, altas: “Estou muito orgulhosa e feliz com este álbum. Acho-o até melhor que o primeiro, mas compreendo que nem toda a gente pense assim. Espero que as pessoas gostem tanto deste disco quanto eu. E, por agora, é tudo o que posso fazer.” A avaliar pela reacção do público presente no Teatro Joy Eslava, onde, nessa noite, apresentou ao vivo os novos temas, isso não será muito difícil.
Talento precoce
Amy Macdonald tinha apenas 12 anos quando começou a escrever canções. “Foi depois de assistir a um concerto dos Travis. Gostei tanto que decidi tentar também.” Aos 15 anos já tocava em bares e, um dia, decidiu tentar a sua sorte, respondendo a um anúncio de uma nova editora, publicado no jornal musical inglês New Musical Express, que procurava novos cantores e escritores de canções. Das mais de 500 candidaturas recebidas, a sua voz foi a que mais surpreendeu os responsáveis da Melodramatic Records.
Em 2007, lançou, finalmente, o álbum de estreia, que prendeu os ouvidos de milhões com a sua música algures entre a folk e a pop indie, e lhe valeu comparações com a cantora irlandesa Dolores O’Riordan, vocalista dos Cranberries.
“No início, é normal que essas comparações aconteçam, mas se compararem a minha música com a dos Cranberries percebem que tem pouco a ver. Sei que os jornalistas musicais precisam de referências, mas, às vezes, são muito preguiçosos [risos]. De qualquer forma, é sempre bom ser comparado a alguém tão talentoso como a Dolores”, afirma.
No que toca às suas referências pessoais, prefere enumerar nomes como The Killers, Kings of Leon, Oasis ou Bruce Springsteen, um intérprete “sempre presente no iPod”, homenageado no novo disco com uma versão acústica e intimista de Dancing in The Dark, com a qual encerrou o concerto em Madrid. “É uma música de que gosto muito, e, além disso, funciona muito bem ao vivo.”
O outro lado da fama
A vida das figuras públicas é um dos temas recorrentes do novo álbum, em faixas como This Pretty Face, Next Big Thing ou Ordinary Life. Nesta última, Amy canta algo como “não quero saber das câmaras, não quero saber das luzes, tudo o que quero é uma vida normal.” É assim tão difícil ser famoso? “Essa música não é sobre a minha vida [risos]. Foi inspirada por um actor meu conhecido, que, numa certa altura, estava constantemente a ser assediado pelos fãs. Foi sempre muito simpático para todos e eu só pensava que, se calhar, não conseguiria ser assim.”
Quanto à sua própria fama, prefere relativizá-la: “Não me vejo como uma pessoa famosa, mas sim como uma escritora de canções que faz música de que as pessoas gostam. O facto de ser mais conhecida não me modificou nada, continuo a viver de uma forma normal. Quer dizer, viajo e toco mais, mas desde há três anos que isso também faz parte da minha normalidade [risos]. Quanto ao resto, sou a mesma Amy de sempre.”O que a incomoda é alguma imprensa tablóide do Reino Unido, que já por diversas ocasiões publicou notícias sobre a sua vida privada.
“Podem ser um pouco irritantes, porque as pessoas têm tendência para acreditar em tudo o que lêem e muitas coisas são mentira, mas tento não ligar muito a isso. É duro quando damos uma entrevista e depois é tudo alterado e descontextualizado. As pessoas de quem gosto, os amigos e a família, sabem a verdade e isso é que me interessa.”
Mas a fama tem também, afinal, um lado positivo. No final de 2008, Amy Macdonald foi eleita pelo jornal escocês Daily Record como “Personalidade Escocesa do Ano”. Ri-se envergonhada e volta a desvalorizar a sua suposta fama: “Isso foi apenas uma votação de jornal. O Sean Connery e Alex Ferguson, por exemplo, são de certeza muito mais famosos e assediados que eu. A mim ninguém me conhece na rua, o que é óptimo, porque posso continuar a fazer a minha vida normal…”