Sobrinho de um dos mais famosos presidentes norte-americanos – e com o qual partilha o nome – Robert F. Kennedy Jr foi candidato às eleições presidenciais no início deste ano. Contudo, o ex-advogado, de 70 anos, abandonou a corrida pela liderança da Casa Branca em agosto, declarando publicamente o seu apoio pelo republicano – e próximo presidente dos Estados Unidos – Donald Trump, tendo acompanhado o mesmo no decorrer da sua campanha eleitoral.
Durante um comício em Nova Iorque, na semana passada, Trump anunciou que, caso ganhasse as eleições, Robert Kennedy Jr poderia vir a ser o responsável pela pasta da saúde e segurança alimentar da sua administração. “Enlouquecer com a saúde, enlouquecer com a comida e enlouquecer com os medicamentos”, disse, num comício que teve lugar no Madison Square Garden.
Mas quem é Kennedy Jr?
Robert Kennedy Jr tem sido uma figura envolta em polémica há já vários anos. Nascido em DC, em 1954, é filho do ex-senador Robert F. Kennedy – morto em 1968 – e sobrinho do ex-presidente democrata John F. Kennedy – assassinado em 1963. Ex-advogado ambiental e autor americano, Kennedy Jr ganhou notoriedade após partilhar as suas posições antivacinas durante a pandemia de covid-19, que acredita estarem ligadas ao autismo, revela a NBC News. Num evento, em 2022, Kennedy chegou mesmo a comparar as campanhas de vacinação dos Estados Unidos às leis nazis.
Questionado sobre a possibilidade de proibir certas vacinas durante um segundo mandato, Trump disse que iria falar com Kennedy sobre o assunto e descrevendo-o como “um tipo muito talentoso” e com “opiniões fortes”. “Se quer tomar uma vacina, deve ser capaz de tomá-la. Acreditamos na liberdade de escolha neste país, mas deve saber o risco e os benefícios de tudo o que toma”, defendeu Kennedy.
Durante a sua própria campanha e, mais tarde, nos comícios em que acompanhou Donald Trump, Kennedy esteve no centro de diversas polémicas, espoletadas pelas suas próprias declarações. Num dos seus primeiros eventos – enquanto candidato à Casa Branca – o norte-americano revelou ter abandonado uma cria de urso morta no Central Park, em Nova Iorque. Mais tarde, ao acompanhar Trump, Kennedy admitiu que estava a ser investigado por ter cortado a cabeça de uma baleia morta com uma serra elétrica há cerca de 30 anos. Já em 2012, numa entrevista, Kennedy afirmou que alguns problemas cognitivos que experienciou foram “causados por um verme que entrou no meu cérebro, comeu uma parte dele e depois morreu”, disse.
Na semana passada, Kennedy referiu que o republicano lhe prometeu o controlo das agências de saúde pública dos Estados Unidos, incluindo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que inclui o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, a Food and Drug Administration e o Instituto Nacional de Saúde. O The Washington Post chega a avançar que, mesmo sem saber o resultado das eleições, Kennedy terá reunido com autoridades do setor da saúde de forma a elaborar uma agenda para uma nova administração.
Noutras declarações, Kennedy Jr revelou ainda que o Trump vai pressionar a remoção de flúor da água potável, assim que tomar posse. “A 20 de janeiro, a Casa Branca de Trump irá aconselhar todos os sistemas de água dos EUA a retirar o flúor da água pública”, disse numa publicação na rede social X. Quando questionado sobre os comentários de Kennedy pela NBC, Trump respondeu apenas “parece-me bem”.
Mas a decisão de apoiar publicamente Trump não foi bem-recebida pelos seus familiares, sendo considerada uma verdadeira “traição” aos valores da família e “um final triste para uma história triste”. “Não podemos colocar alguém responsável pela assistência médica que não entende como médicos e cientistas desenvolvem as melhores práticas e nos mantêm seguros, e que não tenha formação médica nem conhecimento sobre como a assistência médica é organizada, prestada e paga”, disse Ted Kennedy Jr., primo de Robert Kennedy Jr à STAT News.
Karoline Leavitt, porta-voz da campanha de Trump, afirmou recentemente que ainda não foi tomada “nenhuma decisão formal” sobre as potenciais nomeações para o Governo republicano, acrescentando que, caso ganhasse, Trump iria “trabalhar ao lado de vozes apaixonadas como Robert Kennedy para tornar a América saudável novamente, fornecendo às famílias alimentos seguros e acabando com a epidemia de doenças crónicas que assola as nossas crianças”, disse.
Com o slogan “tornar a América saudável novamente” – no original “Make America Healthy Again” – Kennedy disse estar “pronto para ajudá-lo [Trump] a livrar as agências de saúde pública dos seus conflitos e corrupção generalizada e restaurar a sua tradição de ciência padrão-ouro baseada em evidências”, disse à NBC News.