Heather Anderson jogava na Liga de Futebol Australiano num clube de Adelaide. A atleta suicidou-se, em novembro de 2022 e a análise levada a cabo pelos investigadores do Australian Sports Brain Bank (ASBB), que é um laboratório a que se dedica aos traumatismos cranianos e à Encefalopatia Traumática Crónica (ETC), revelou que a atleta sofria desta condição.
A ETC é uma doença degenerativa progressiva do cérebro que pode ocorrer após repetidos golpes da cabeça, traumatismos cranianos ou lesões por explosão. Até ao caso de Heather, não tinham sido registados casos de atletas femininas. Os sintomas iniciais desta doença normalmente incluem um dos seguintes: depressão, irritabilidade, impulsividade, agressão, perda de memória, demência e Parkinson. Os distúrbios do humor e perturbações comportamentais desenvolvem-se nos jovens adultos e o comprometimento cognitivo mais tarde na vida.
Anderson começou a jogar futebol australiano quando tinha 5 anos e retirou-se em 2017 devido a uma lesão no ombro. O futebol australiano é jogado num campo oval e tem muitas semelhanças ao râguebi. Segundo a sua família, ao longo da sua carreira teve um traumatismo confirmado, mas muitos mais não terão sido formalmente diagnosticados.
A família doou o seu cérebro ao ASBB para investigação e foi aí que descobriram que tinha ETC.
“Apesar de não existirem dados suficientes para concluir uma ligação entre a ETC e a causa da morte, as mortes por suicídio não são incomuns quando a ETC é encontrada numa autopsia”, lê-se no relatório.
O aumento do número de mulheres no desporto também as torna mais suscetíveis a terem as mesmas doenças, segundo Michael Buckland neuropatologista australiano: “Colegas do outro lado do oceano têm estado a observar a profissionalização das mulheres nos desporto de contacto e já pensavam que mais cedo ou mais tarde esta doença ia aparecer.”
“É como fumar e o cancro do pulmão. No início o cancro do pulmão era maioritário nos homens, mas depois as mulheres começaram a fumar em números iguais. Passado 20 anos havia uma enorme evolução no cancro do pulmão nas mulheres” disse Buckland o professor da Universidade de Sydney.