A pandemia trouxe o teletrabalho e também a sensação de finitude, uma combinação improvável que funcionou como catalisador de vendas de casas de luxo. A lógica de ‘se não viveres agora, quando é que viverás?” levou muitos a investir em habitações melhores e, existindo capacidade financeira para tal, localizadas em zonas aprazíveis, com todas as mordomias possíveis. Não admira, pois, que o mercado português de resorts esteja a viver um dos momentos mais dinâmicos dos últimos anos.
De acordo com o Resort Market Survey, inquérito de confiança realizado pela Ci (Confidencial Imobiliário) em parceria com a Associação Portuguesa de Turismo Residencial e Resorts (APR), o ano 2021 “foi de forte crescimento”, com os preços da habitação integrada em resort a aumentar 16%, de acordo com o Índice de Preços de Resorts.
“Trata-se de um dos aumentos mais expressivos desde 2016, só superado pelo crescimento de 18,3% registado no final de 2018, um período em que foi aprovado o acordo do Brexit, dissipando uma fase marcada por forte incerteza. Há já um ano e meio que os preços deste tipo de imobiliário dão sinais de recuperação e mesmo no período de um novo confinamento (1º semestre de 2021) subiram (+8,6% em termos homólogos)”, refere-se no relatório. Assim, o 2º semestre de 2021 assinalou o terceiro semestre consecutivo com variações em cadeia positivas, registando até a maior subida semestral de sempre, de 13,0%, acrescenta-se ainda.
“Os resultados deste relatório confirmam a tendência crescente, que a pandemia veio acentuar, de procura de habitações em resorts em Portugal com espaço exterior, privacidade, segurança, conetividade, serviços de apoio e proximidade com a natureza. Esta tendência é visível através da procura crescente por clientes das mais diversas nacionalidades, incluindo portugueses. A procura crescente será acompanhada por bastante oferta uma vez que estão em curso diversos investimentos em projetos turísticos residenciais em Portugal”, realçou Pedro Fontainhas, diretor-executivo da APR.
A par da forte valorização, também as vendas nos resorts aumentaram de forma acentuada, “crescendo 70% face a 2020 e superando em 30% a atividade de 2019. A evolução das vendas foi especialmente expressiva no eixo Albufeira-Loulé, que agrega 51% do mercado nacional e onde o nível de atividade mais que duplicou face ao primeiro ano pandémico, além de se posicionar 70% acima de 2019”, segundo o barómetro.
Em 2021, a habitação integrada em resort disponível para venda no país apresentou um valor médio de 4.418€/m2, atingindo os 8.374€/m2na gama mais alta do mercado. No principal destino de resorts, o já referido eixo Albufeira-Loulé, onde se concentram 43% dos fogos para venda, a oferta foi colocada a uma média de 5.151€/m2 e no segmento de luxo atingiu o valor de 10.064€/m2, nível nunca registado no mercado de resorts. O preço médio de oferta neste eixo está entre 27% a 51% acima das outras localizações.
“O mercado de resorts é mais um dos setores com um forte desempenho em 2021, mostrando que o mercado residencial nacional se mantém competitivo e atrativo de forma transversal, saindo reforçado da crise pandémica”, reforça, por seu turno, Ricardo Guimarães, diretor da Ci.
Britânicos ativos no Algarve mas a apostar também no Litoral Alentejano
O segundo ano da pandemia trouxe também oscilações importantes à estrutura da procura internacional de resorts. Os compradores oriundos do Reino Unido mantêm-se como a principal fonte de procura em Albufeira-Loulé, gerando 42% das compras por estrangeiros em 2021, mas perdem expressão face aos anos anteriores quando a sua quota superava os 50%. Esta perda de quota dá-se no contexto de maior dinâmica atividade de outros países europeus, com destaque para os Países Baixos (12% das compras por estrangeiros nesta localização), Irlanda (9%), Alemanha, França e Suíça (quotas de 5% a 6%).
Os britânicos estão, contudo, bastante mais ativos na Costa Atlântica e foram os compradores internacionais de maior peso (20%) no mercado de resorts deste eixo do Litoral Alentejano, Lisboa e Costa Oeste. Em anos anteriores, a sua quota não foi além dos 5%. Este é, contudo, um mercado, com maior equilíbrio entre as fontes de procura, com os alemães, espanhóis e norte-americanos a gerarem, cada um, 15% das vendas internacionais em 2021, evidenciando-se ainda os libaneses, com uma quota de 10%.
Em 2021, a habitação integrada em resort disponível para venda no país apresentou um valor médio de 4.418€/m2, atingindo os 8.374€/m2na gama mais alta do mercado. No principal destino de resorts, o já referido eixo Albufeira-Loulé, onde se concentram 43% dos fogos para venda, a oferta foi colocada a uma média de 5.151€/m2 e no segmento de luxo atingiu o valor de 10.064€/m2, nível nunca registado no mercado de resorts. O preço médio de oferta neste eixo está entre 27% a 51% acima das outras localizações.