Tudo aconteceu pela uma da madrugada. Breonna Taylor, de 26 anos, e o seu namorado, Kenneth Walker, 27 anos, estavam a dormir quando três polícias à paisana do Departamento da Polícia de Louisville, no Estado americano do Kentucky, invadiram a casa do casal, com um mandado de busca, à procura de um individuo suspeito de tráfico de drogas.
Os jovens pensaram que estavam a ser assaltados, segundo o relato da mãe de Taylor, Tamika Palmer, e ligaram para a linha de emergência. De seguida, Kenneth, pegou na sua arma de fogo (para a qual tinha licença) e disparou contra a perna de um dos homens que haviam entrado na casa. Em resposta, os agentes disparam “cegamente” (segundo a investigação em curso) mais de 20 tiros; oito atingiram Breonna, paramédica de profissão, que acabou por morrer. Kenneth foi preso e acusado de agressão e tentativa de homicídio de um polícia.
O caso aconteceu a 13 de março e está a indignar milhares de pessoas nos EUA, levando o próprio governador do Kentucky a fazer declarações sobre a situação. BreonnaTaylor e Walker não tinham antecedentes criminais e, durante a operação, não foi encontrado nenhum tipo de droga ilegal no apartamento, conforme indica o processo. Os três agentes envolvidos no tiroteio foram transferidos para outra área enquanto a investigação decorre.
Segundo o The Courier-Journal, um juiz aprovou um mandado de busca à casa de Breonna que permitia aos polícias entrarem em casa sem se identificarem. Na conferência de imprensa que se seguiu ao incidente, o tenenteTed Eidem garantiu que os agentes bateram à porta várias vezes e “anunciaram a sua presença identificando-se como polícias com um mandado de busca”. Depois de forçar a entrada, os agentes”foram imediatamente atingidos por tiros”, disse Eidem. Contrariamente ao que declarou o tenente, o processo da família de Breonna Taylor assegura que a polícia não bateu nem se identificou antes de invadir o apartamento.
A família da jovem diz que os agentes estavam à procura de um homem chamado Jamarcus Glover, que não só morava noutra zona da cidade como até já se encontrava detido quando a casa de Taylor foi invadida.
A morada da casa de Breonna estava assinalada como suspeita de ser o local onde Glover recebia a sua correspondência e escondia drogas e dinheiro. O mandado de busca também afirmava que um carro registado no nome de Breonna tinha sido visto estacionado várias vezes em frente a uma “casa de drogas” que Glover conhecia.
O advogado da família, Benjamin Crump, acusa a polícia de não fornecer “respostas sobre os factos e as circunstâncias de como esta tragédia ocorreu”. “Estamos com a família desta jovem e exigimos respostas do Departamento de Polícia de Louisville”, disse o advogado no Twitter, chamando a morte de Taylor um “assassínio sem sentido”.
“A polícia não pode continuar a matar as nossas mulheres negras e escapar sem qualquer responsabilidade”, apontou o advogado numa conferência de imprensa.
O mayor de Louisville, Greg Fischer, escreveu sobre o caso num tweet, a semana passada: “Como sempre, a minha prioridade é que a verdade seja revelada e que a justiça siga o caminho da verdade.”
Um dia depois, o procurador-geral do Estado de Kentucky, Daniel Cameron, anunciou que lhe pediram para atuar como promotor especial e que “tomará as medidas apropriadas”.
O governador do Kentucky, Andy Beshear, pediu ao procurador que “revisse cuidadosamente os resultados da investigação inicial para garantir que a justiça fosse feita, num momento em que muitos estão preocupados com o fato de a justiça não ser cega”. “Os relatórios públicos sobre a morte de Breonna Taylor são preocupantes”, disse o governador em comunicado.