Não foi por acaso que o relator especial sobre a Situação dos Defensores dos Direitos Humanos da ONU instou o Governo de Angola a libertar os 14 ativistas presos desde junho. Michael Frost está preocupado com Luaty Beirão, há 34 dias em greve de fome.
E tem razões para estar. As últimas notícias sobre o músico luso-angolano são preocupantes.
Quinta-feira, após o habitual chá da noite, na Clínica Girassol, em Luanda, para onde foi transferido por causa do agravamento do seu estado de saúde, Luaty queixou-se à mulher de uma dormência e formigueiro persistentes e duradouros nos braços, mãos e pernas. Nessa tarde, o médico responsável durante a visita de rotina dissera-lhe: “A partir de agora, já entraste numa fase de perigoso namoro com a linha que marca a fronteira entre estabilidade aparente e o ponto de não retorno. Posso sair daqui e, assim que fechar a porta atrás de mim, entras em crise de falência de algum órgão.”
Na página oficial que os amigos criaram no Facebook, e que tem quase 59 mil likes, o administrador lembra: “É urgente que o Tribunal Supremo e/ou Tribunal Constitucional se pronunciem sobre o pedido de habeas corpus que os advogados requereram a 30 de setembro. A partir de agora falamos de MINUTOS.”
Na sua qualidade de enviado independente do Conselho de Direitos Humanos, o perito da ONU fez um pedido urgente para que sejam retiradas as acusações contra os 14 ativistas, e que sejam todos libertados. Michel Forst defende que a sua prisão “pode ser considerada arbitrária”.