De acordo com um artigo publicado quinta-feira na revista Science, investigadores conseguiram um método mais rápido de fazer analgésicos opióides potentes usando fermento em vez de papoilas, mas falta ainda adaptar o processo de modo a ser comercialmente viável.
O novo método promete ser mais eficiente e significar uma mudança multimilionária no negócio de produção de medicação para a dor, mas, segundo a agência Reuters, levanta preocupações em relação a um eventual aumento do consumo abusivo de opiáceos.
Os cientistas explicam que alteraram a genética do fermento de modo a atrair as células e convertê-las em dois opióides – hidrocodona e tebaína – demorando entre três e cinco dias. A hidrocodona, responsável por fazer com que os recetores de dor não cheguem ao cérebro, como outros químicos como a morfina e oxicodona, faz parte do grupo de analgésicos opióides produzidos a partir de uma papoila específica, através de um processo que pode demorar mais de um ano.
“Isto é importante porque, com mais desenvolvimento, pode fornecer um abastecimento alternativo para estes medicamentos essenciais e permitir melhor acesso à maioria da população que, de momento, tem acesso insuficiente a medicação para a dor,” congratula-se a professora de bioengenharia da Universidade de Stanford, Christina Smolke, que liderou a investigação.
A equipa de Smolke modificou geneticamente o fermento com 23 genes de seis organismos diferentes, incluindo ratos, papoilas e bactérias do solo. Só que, atualmente, seriam necessários mais de 16 mil litros de fermento para fazer apenas uma dose de medicação.
Smolke diz que pode levar vários anos até que o processo seja possível a nível de produção comercial.