Os clientes do Banco Privado Português (BPP) vão concentrar-se novamente segunda-feira junto das instalações da instituição no Porto para debaterem novos passos a dar para que os “reconhecimentos [dos depósitos] tenham consequências”.
Um dos clientes lesados, José Oliveira, explicou que na concentração será outra vez “expressado o descontentamento pela demora” em receber o dinheiro depositado a prazo.
“Passam seis meses desde o momento que as contas foram bloqueadas. É uma situação insustentável, em termos familiares e empresariais”, afirmou José Oliveira, que se inclui no grupo de 400 clientes que mais têm manifestado descontentamento.
Segunda-feira são esperados também clientes espanhóis, nomeadamente de Vigo, e serão debatidas novas estratégias, como o envolvimento das “entidades mais adequadas”, nomeadamente organismos governamentais de Espanha.
Actualmente o BPP é encarado pelos clientes como um “peso morto, sem voz activa”, enquanto que o Governo português é acusado de se ter comprometido a tomar uma decisão rápida, o que “não foi cumprido”.
José Oliveira recordou que na última concentração de clientes, o Governo prometeu que em cinco dias iria tomar uma decisão quanto ao futuro da instituição.
“Mas esses cinco dias já passaram e o assunto caiu um pouco no esquecimento”.
“Estamos a tentar acelerar o processo, na salvaguarda dos produtos de depósito a prazo”, acrescentou a mesma fonte, recordando que os clientes do Banco Português de Negócios e alguns do BPP já tiveram a cobertura do seu dinheiro.
“Há uma discriminação entre clientes de outros bancos e até dentro do mesmo banco. Não queremos ser portugueses de segunda”, argumentou.
Num comunicado subscrito pelos clientes lesados do BPP refere-se ainda que “estão a ser colocados em iminente risco de desemprego mais de vinte mil trabalhadores de pequenas e médias empresas”.
“A confiança na banca portuguesa está a ser posta em causa, quer a nível interno, quer externo, afectando profundamente o sistema financeiro nacional, o que será tanto mais grave quanto mais a situação actual se venha a arrastar”, lê-se ainda.
A concentração dos clientes está marcada para as 14h horas de segunda-feira.