Tome nota: 100 gramas de açúcar, 6 gemas, 2 ovos inteiros, 50 gramas de farinha são, segundo Maria de Lourdes Modesto no seu Cozinha Tradicional Portuguesa, os ingredientes e dosagens necessárias confecionar um dos bolos icónicos da região Oeste. A autora fala em 10 minutos de forno bem quente (225º), mas o que o cozinheiro britânico Gordon Ramsay aprendeu, de passagem pela Casa do Pão-de-Ló de Alfeizerão, no programa Uncharted, em 2021, é que são precisos exatamente 15 minutos de forno para que o ‘sponge cake’ como lhe chamou o chefe, fique com a consistência certa, isto é, muito líquido no interior.
Ora o tempo de cozedura deste bolo é essencial para construir a narrativa do seu nascimento. Reza a história que a receita foi ensinada por um grupo de freiras do Mosteiro de Santa Maria de Cós a uma família de Alfeizerão, como sinal de agradecimento por ter sido acolhido após a extinção do mosteiro, no século XIX. No livro Festas e Comeres do Povo Português, um tratado de Maria de Lourdes Modesto, Afonso Praça e Nuno Calvet, editado pela Verbo nos anos 90, aprende-se também que este bolo passou a ser fabricado na zona, em épocas festivas. A receita tradicional seria a do pão deló de Cós, com um interior bem cozido – uma especialidade que se encontra em processo de revitalização –mas que conheceu a versão atual durante uma visita do Rei Dom Carlos a uma família abastada da região. Segundo a lenda local, as cozinheiras ficaram tão nervosas que o tiraram do forno cedo de mais, algo que agradou o monarca. Verdade ou mito, é certo que a receita perdurou, deu origem à sociedade Afamado Pão-de-Ló da Tia Amália na década de 20, que mais tarde foi separada em duas: a Casa do Pão-de-Ló de Alfeizerão (Largo do pão de ló, 3, T. 262 999 558), onde também se comem boas empadas de galinha, e o Café Ferreira (Rua 25 de Abril, 215, T. 262 990 719).
Outros snacks:
- Fã de mensagens de áudio no Whatsapp? Saiba que tiveram um passado bem romântico.
- Acumula pilhas de livros por ler? Há uma palavra japonesa para isso: Tsundoku.