O evento dedicado às inovações da Tesla nas baterias estava inicialmente previsto para decorrer mais cedo, mas a pandemia obrigou a marca gerida por Elon Musk a adiar. O evento decorreu num formato invulgar, num espaço exterior junto às instalações do fabricante, com os convidados a assistir em carros da marca californiana. Em vez dos habituais aplausos, ouviram-se buzinadelas sempre que Musk e companhia apresentaram novidades consideradas relevantes pela audiência.
As baterias foram, como previsto, o foco de Elon Musk nesta apresentação. Em vez de um único anúncio disruptivo, a Tesla apresentou uma série de inovações em diferentes áreas do processo de produção. O objetivo é, segundo Musk, otimizar e inovar em todas as áreas de desenvolvimento e produção das baterias com o grande objetivo de reduzir substancialmente os custos destes componentes. Há, também, uma decisão fundamental: como acontece com os carros, onde a Tesla optou por desenvolver internamente processos de produção próprios em vez de recorrer, como é comum na indústria, a fornecedores externos, este fabricante parece apostado em desenvolver e criar as suas próprias células para as baterias. Usando fábricas e tecnologia de produção da própria Tesla. Uma vez mais, uma decisão diferente do habitual na indústria. As restantes marcas automóveis têm optado por usar células produzidas por fornecedores. É importante referir que a Tesla já tinha produção própria de células, mas até agora seguindo tecnologia comum a outros fabricantes, incluindo a já antiga parceira Panasonic.
Mais fáceis de produzir
Entre as novidades, o destaque vai para um novo formato de células. Continuam a ser cilíndricas como as anteriores usadas pela Tesla, mas são maiores – o novo formato é denominado 4680 (46 mm de diâmetro e 80 mm de altura). Só esta mudança de formato permite, segundo Musk e companhia, um aumento de autonomia de 16% para baterias de dimensões similares (as baterias dos veículos elétricos são constituídas por células). Relativamente ao formato anterior (2170), mais compacto, as células 4680 terão cerca de cinco vezes mais capacidade energética e seis vezes mais potência.
Para reduzir o custo de produção, a Tesla anunciou o que terá sido a novidade mais disruptiva: as novas células não vão precisar dos contactos (lâminas) que existem tradicionalmente para conduzir a energia. Estas lâminas metálicas têm de ser, nas células cilíndricas tradicionais, incluídas no enrolamento da fita que está dentro da célula – podemos pensar nas células cilíndricas como um rolo de papel higiénico de várias camadas, ou seja, há uma folha contínua multicamada enrolada (quanto maior é esta folha, mais capacidade tem a célula). A eliminação dos referidos contactos permite acelerar muito o processo de enrolamento diminuindo os custos. Há, ainda novidades, na forma como são criadas as diferentes camadas das folhas que são enroladas.
No entanto, esta novidade não é para ser aplicada em carros elétricos imediatamente. A Tesla está a desenvolver uma fábrica piloto onde estas células já estão a ser produzidas ainda de modo experimental. O objetivo é esta fábrica piloto estar a produzir 10 gigawatts hora dentro de um ano. Só depois a Tesla vai escalar a produção. Via Twitter, Musk esclareceu que não espera chegar a uma produção de grande volume antes de 2022.
É importante referir que Elon Musk não anunciou que a Tesla vai ficar dependente apenas das células próprias. Pelo contrário, o CEO da marca garante que vai continuar a aumentar as encomendas de células aos parceiros atuais: Panasonic, CATL e LG (e possivelmente outros). Uma necessidade em função da procura.
Model S Plaid
Já se sabia que a Tesla estava a desenvolver o Model S Plaid. Protótipos deste modelo chegaram a testar em pistas e a bater recordes. Mas agora esta nova versão de topo do Model S é oficial e até já pode ser reservado na loja online da marca. Na loja portuguesa, o preço é de €140.990, o que torna, como se esperava, o Model S Plaid o mais caro da gama. As primeiras entregas estão previstas para “final de 2021” e o preço da reserva é de €1000.
As características anunciadas ainda não as finais, mas sim as estimadas: autonomia superior a 840 km, velocidade máxima de 320 km/h e aceleração dos 0 aos 100 km/h em menos de 2,1 segundos. Valores que colocam este carro familiar no top dos superdesportivos em termos de desempenho – será o carro de produção com melhor aceleração de sempre. A autonomia também é recorde para um veículo elétrico.
Tesla a 25 mil dólares
Não é uma promessa propriamente nova de Elon Musk, mas foi agora repetida. A Tesla pretende ter um modelo com preço, antes de impostos, de 25 mil dólares nos Estados Unidos. Recorde-se que, inicialmente, o preço base anunciado para do Model 3 foi de 35 mil dólares, mas esta versão base (SR) esteve disponível apenas alguns meses. Hoje, o Model 3 mais económico, o Standard Range Plus, começa nos 49.884 euros (37.990 dólares nos EUA antes de impostos).
A redução de custos das baterias anunciada em cima será fundamental para que a Tesla consiga lançar um carro de 25 mil dólares.