Fora 1432,2 km percorridos num Nissan Leaf com bateria de 30 kWh em menos de dois dias! É obra, não é recomendável, mas demostra que é possível fazer viagens longas em veículos elétricos desde que haja postos de carga rápida durante o percurso. Na próxima edição da Exame Informática vamos apresentar com detalhe as dificuldades, os tempos médios, as velocidades… Enfim, tudo o que importa para quem segue a mobilidade elétrica e está, porventura, interessado em adquirir um veículo deste tipo ou, já tendo um, procura obter mais informações sobre a rede de postos de carga rápida. Análise que vai demorar algum tempo a fazer (há muitos dados para estudar). No entanto, já podemos apresentar um resumo rápido da nossa experiência.
O dia dos recordes
O total de quilómetros apresentados inclui a viagem entre a nossa redação, na zona de Oeiras, a Valença, de onde partimos para a travessia de Portugal Continental, bem como a viagem de regresso do Algarve (Albufeira) para a redação. No entanto, o grande objetivo era fazer a viagem de Valença ao Algarve no Nissan Leaf, o automóvel elétrico mais vendido em Portugal. O que conseguimos. E sem percalços.
Saímos de Valença pelas 9 da manhã e chegámos a Albufeira pelas 21h30. Um total de doze horas e meia. Mas, para sermos justos, temos de retirar deste total cerca de 45 minutos em que estivemos a recolher imagens em Vila Nova de Cerveira (para o Exame Informática TV), junto ao Rio Minho, e a 1h45 a mais que estivemos no CEIIA, depois de a bateria já ter carregado, para conhecer alguns dos projetos deste centro de desenvolvimento. O que significa que o tempo total efetivo da viagem (tempo a circular mais tempo de carga) foi de cerca de 10 horas. Umas 3h30 a 4h a mais do que se tivéssemos feito a mesma viagem num carro tradicional utilizando as velocidades máximas permitidas por lei. Há várias formas de analisar estes tempos. Por exemplo, considerando que esta é uma viagem cansativa (quase 700 km), é provável que, mesmo num veículo convencional, se optasse por parar descansar e/ou tomar uma refeição. Mas não há como fugir deste facto: fazer viagens longas num veículo elétrico em Portugal ainda exige planeamento e a utilização de velocidades médias abaixo do que estamos habituados a ver na autoestrada. Aliás, a velocidades entre 90 a 100 km/h, fomos ultrapassados até por camiões e autocarros.
Uma coisa é certa: nos 1432,2 km percorridos, o Nissan Leaf não emitiu uma única grama de gases tóxicos para a atmosfera e não gastámos um cêntimo em combustível. Nem sequer em energia porque os carregamentos na rede Mobi.e continuam a ser gratuitos, o que vai a acontecer até pelo menos ao final do ano.
Claro que tudo depende do perfil de utilizador. No global, não podemos dizer que os automóveis elétricos atuais, pelo menos deste segmento, são uma boa solução para viagens tão longas quando a que fizemos. A penalização do tempo é ainda muito grande e nem sequer tivemos o “azar” de encontrar carros à carga nos postos usados, o que já acontece com frequência e aumenta muito o tempo de espera.
Por outro lado, como já tínhamos concluído em experiências anteriores, os veículos elétricos mais recentes, com autonomias reais próximas dos 200 km, já podem ser uma solução completa para famílias que são fazem viagens longas ocasionalmente – e os dados provam que esse é o caso da grande maioria das famílias. Ou seja, os automóveis elétricos já não devem ser vistos apenas como “segundos carros”.
E o TOMTOM VIA 52 EUROPA 48 vai para…
Durante a nossa viagem promovemos um passatempo em que consistia em prever o número total de quilómetros registados pelo Nissan Leaf.
O vencedor foi Manuel Tovar, que previu 1426 km, apenas menos 6,2 km que o valor registado. Quase 30 concorrentes falharam por menos de 25 km, o que é impressionante.