Uma “clara curiosidade pelo mundo”, um “enorme gosto e conhecimento dos materiais”, assim descreve à VISÃO a curadora da exposição e diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC), Emília Ferreira, a arte de Tony Cragg, agora apresentada em Rare Earth, em Lisboa.
O escultor já trabalhou com “vidro, bronze, madeira e gesso” e “trabalha muito bem a cor, sobretudo nas esculturas em metal”, como salienta Jon Wood, especialista na obra do artista, no texto do catálogo. E Emília Ferreira faz notar ainda a sua capacidade de transformar os materiais em “seres novos que pretende criar com a sua escultura”.
Nascido a 9 de abril de 1949 em Liverpool, no Reino Unido, Tony Cragg ainda hoje assina como artista britânico, apesar de viver em Wuppertal, na Alemanha, há mais de 40 anos. Cragg é um destacado artista anglo-alemão e ocupa o 6º lugar no “top mais” do barómetro artístico dedicado aos artistas internacionais na Alemanha. Esse prestígio internacional é destacado por Emília Ferreira.
A exposição foi um projeto desenvolvido pela diretora do MNAC com o próprio Tony Cragg, em parceria com a Galeria Breckner. “A ideia era mostrar algumas peças iniciais para perceber o seu percurso e a evolução do trabalho e o que tem interessado ao artista explorar ao longo desses anos. Não é uma exposição retrospetiva, mas dá-nos um pouco a ver o caminho que ele percorreu dos anos 70 até agora”, explica Emília Ferreira. No entanto, o foco é no presente.
Ao longo da exposição, podemos ver mais de 50 obras, desenhos e esculturas, criados entre 1979 e 2023, como Spectrum (1979), peça feita com detritos industriais de plástico; Complete Omnivore (1993), feita de plástico, madeira e metal, “que faz lembrar uma mandíbula”; Sinbad (2000), Mental Landscapes (2007) e Versus (2012), de bronze, entre outras.
Desde outubro de 2023, quando inaugurou, Rare Earth já foi visitada por cerca de 20 mil pessoas. “Ficam muito fascinadas pelo lado monumental da escultura e as peças têm, de facto, uma presença muito envolvente”, continua Emília Ferreira.
A acompanhar haverá uma série de conversas em janeiro e fevereiro. Duas delas, conduzidas por Emília Ferreira, realizam-se a 24 (sobre arte em espaços públicos), na sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés (parceira da exposição), e a 31 de janeiro (No Início Era o Desenho), no MANC, tal como uma outra de Jon Wood, a 7 de fevereiro (A Imaginação Escultural de Tony Cragg). “Queremos levar este tipo de debate sobre os vários aspetos que o trabalho de Tony Cragg suscita para um público mais alargado”, adianta Emília Ferreira.
Da exposição fazem parte quatro esculturas de grande formato dispostas no espaço público lisboeta: duas no Terreiro do Paço, uma na Praça do Município e outra na Estação Fluvial Sul e Sueste.
Rare Earth, de Tony Craig > Museu de Arte Contemporânea do Chiado > R. Serpa Pinto, 4 / R. Capelo, 13, Lisboa > T. 21 343 2148 > até 25 fev, ter-dom 10h-14h, 15h-18h (última entrada 17h30) > €8, dom grátis