Para ser uma comédia romântica, seria preciso retirar-lhe alguma acidez e acrescentar-lhe… romantismo. Mas talvez seja assim que os nórdicos fazem as coisas. A Pior Pessoa do Mundo, de Joachim Trier, nascido em 1974 – o mais badalado dos realizadores noruegueses da sua geração –, é uma comédia ácida, centrada na vida de uma mulher. Aliás, um título alternativo para este filme poderia ser Doze Episódios na Vida de Julie.
“A Pior Pessoa do Mundo” tem duas nomeações para os Oscars: Melhor Argumento Original e Melhor Filme Internacional
É disso que se trata. Acompanhar uma jovem mulher nas entranhas da alma, incluindo as opções mais radicais da sua vida amorosa. Há aqui uma espécie de leviandade que deve ser levada a sério e um fundo dramático marcante que faz sempre parte das melhores comédias.
Joachim Trier, com essa leveza séria que lhe reconhecemos, acaba por fazer um retrato de uma certa geração e daquilo a que Zygmunt Bauman chama “amor líquido”. Mas, ao mesmo tempo que revela a fugacidade das relações, não esconde a sua resiliência. O filme esteve em competição em Cannes, onde mereceu um justo prémio para Renate Reinsve como melhor atriz.
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A Pior Pessoa do Mundo > De Joachim Trier, com Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie, Maria Grazia Di Meo > 127 minutos