Sorriem sempre, sem suor nem sombras. Arando os campos ou contemplando orgulhosamente a paisagem industrial, com fábricas fumacentas, gigantescas barragens e tanques a circularem, os homens e mulheres e crianças representados nestes cartazes – produzidos entre 1959 e 1981, documentando o período histórico compreendido entre o Grande Salto em Frente e a Criação das Comunas Populares até ao fim da Revolução Cultural – exaltavam a alegria pueril e a fé na pátria maoista.
Se o Presidente Mao era representado como um gigante afável rodeado de crianças e de flores, timoneiro infalível ou herói da Revolução, já as novas gerações mostravam-se concentradas e sem tentações imperialistas. E os soldados? Eram aprumados, ou como esse rapaz sorridente que ajuda a avó a adobar uma meada de lã (vermelha, é claro). Noutra imagem, uma família rodeia o filho (único, adivinha-se) de livro na mão: a mãe coloca o candeeiro a óleo sobre as espigas de trigo, o pai de rugas vincadas escuta em devoção, e o telefone… está desligado. Nada distrai o primogénito na sua caminhada triunfante.
Estes posters de conteúdo ideológico foram uma ferramenta ideológica eficaz, a que se aliava um fascínio estético que ainda hoje perdura, bem visível em Cartazes de Propaganda Chinesa. A exposição mostra 33 exemplares, selecionados de um acervo com 200, divididos por temas: Mao Zedong e os Heróis da Revolução Comunista; a Luta de Classes; as Políticas do Partido Comunista Chinês; as Pinturas de Ano Novo; Cultura Popular e Diversidade Étnica da China; e as Lutas Revolucionárias Internacionais. Obras-primas gráficas são também um fascinante case study que ganha relevância nestes novos tempos de ascensão chinesa.
Também pertencente à Coleção Kwok On da Fundação Oriente, a mostra de brinquedos japoneses (à falta de melhor palavra para estas criações primorosas) reenvia-nos para outra infância: estes objetos com raízes tradicionais, cores intensas e design irrepreensível, feitos em madeira, pedra, palha ou tecido, eram (são) usados como amuletos da sorte.
Oriente nas Virtudes > Cooperativa Árvore > R. Azevedo de Albuquerque, 1º, Porto > T. 22 207 6010 > até 4 set, seg 10h-18h, ter-sex 10h-18h30 > grátis