Viajaram entre diferentes livros de José Saramago, escolhendo histórias, personagens, ações, pensamentos e estados de espírito que se pudessem colar aos seus corpos. “É uma forma física de olhar para o trabalho de Saramago”, explica São Castro, que juntamente com António M Cabrita assina e interpreta Sinais de Pausa, o espetáculo de abertura da New Age, New Time (NANT), apresentado nesta sexta e sábado, dias 13 e 14, às 21h30, no Teatro Viriato, em Viseu. Os diretores artísticos da Companhia Paulo Ribeiro quiseram, neste novo trabalho, trabalhar a linguagem altamente complexa e, ao mesmo tempo, simples da obra de Saramago, próxima da sua forma de pensar e trabalhar criativamente. “Somos muito elaborados na forma como desenhamos os movimentos, mas simples na abordagem, porque queremos chegar às pessoas”, acrescenta Cabrita. A enriquecer esta estreia, no sábado, às 18h, Zeferino Coelho, editor de Saramago durante 45 anos, foi convidado para falar da obra do escritor.
A mostra de dança contemporânea decorre até dia 28, revelando outras leituras do corpo em movimento, de coreógrafos consagrados e novos valores. “Promover um ciclo onde corpos se encontram é um ato de resistência, é um voto de fé no que somos, e é uma aposta naquilo que nos torna mais humanos, mas também mais planetários: a nossa fisicalidade, a nossa necessidade de sermos matéria e presença”, refere a diretora artística do Teatro Viriato, Patrícia Portela.
Em virtude das novas restrições impostas pela pandemia, o horário dos espetáculos a partir de quarta, dia 18, deverão sofrer alterações.
João dos Santos Martins regressa a Viseu, na quarta, 18, com a estreia de Coreografia, outro trabalho do coreógrafo à volta da história da dança, inspirado no tratado de Raoul Feuillet, teórico de dança francês do século XVIII, para quem, primeiro, a coreografia escrevia-se em papel para só depois ser interpretada e transposta para o corpo. Já o dia 21 será dedicado a João Fiadeiro, protagonista nos anos 90 do séc. XX da Nova Dança Portuguesa, com a antestreia de Nada Pode Ficar, às 17h, o documentário sobre o coreógrafo, feito por Maria João Guardão, e a apresentação de O que fazer daqui para trás, às 21h30, “performance que explora o tempo enquanto unidade duracional, suspensa ou intervalar”.
Nova estreia cabe a Margarida Belo Costa, que traz Faustless ao Viriato, no dia 24, uma peça que desafia o público a repensar as representações femininas, em particular na obra Fausto, de Goethe, e a questionar o papel de subserviência das protagonistas. A 9ª edição do NANT termina dia 27 com Timber, da Companhia Instável, com coreografia de Roberto Olivan feita a partir da música de Michael Gordon que, por sua vez, será interpretada ao vivo pelos percussionistas do grupo Drumming GP. Um espetáculo a desafiar o pulsar dos nossos dias.
New Age, New Time > Teatro Viriato > Lg. Mouzinho de Albuquerque, Viseu > T. 232 480 119 > 13-27 nov > espetáculos €5, assinatura €20