LISBOA
1. Festa. Fúria. Femina, MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia
A obra Pudor/ Desejo/ Esqueci-mento, de Pedro Cabrita Reis, poderia funcionar como uma síntese das sensações invocadas pela exposição Festa. Fúria. Femina que dá a conhecer parte da coleção de arte da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). “Pudor” diante dos vários exemplos de representação do corpo, sem subterfúgios; “desejo” perante a fisicalidade e a tensão presentes em muitas peças; “esquecimento” porque é notória a vontade de resgatar a força das obras de artistas do sexo feminino. Estão representados nomes como os de Ana Hatherly, Ana Jotta, Helena Almeida, Paula Rego e Lourdes Castro, mas também os de jovens artistas como Sara Bichão, Sara Chang Yan ou Ana Romãozinho (ainda assim, pouco mais de um terço das obras expostas são de mulheres). Coube aos curadores António Pinto Ribeiro e Sandra Vieira Jürgens selecionar 228 peças, de 61 artistas portugueses, entre as cerca de mil que integram o acervo da FLAD. Nesta festa criativa, não existe só fúria. Afinal, o humor e a ironia são fundamentais para esvaziar a raiva e a frustração. V.M. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > T. 21 002 8130/102 > até 25 jan, qua-seg 11h-19h > €5
2. Imago Lisboa Photo Festival, vários locais de Lisboa
A segunda edição do Imago Lisboa Photo Festival pretende dar espaço às diferentes práticas fotográficas contemporâneas. O seu diretor artístico é Rui Prata, diretor dos Encontros da Imagem de Braga entre 1987 e 2013, que convidou três curadores estrangeiros (uma dinamarquesa, uma húngara e um luxemburguês) para consigo comissariarem Novas Visões na Fotografia Contemporânea, patente nas Carpintarias de São Lázaro e no Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras. São 15 os artistas ali expostos, de diferentes pontos do globo, do Equador ao Irão, passando pela Hungria, a Alemanha, a Dinamarca, o Luxemburgo e a Rússia. Sem esquecer Portugal.
No Museu do Chiado, mostra-se pela primeira vez em Portugal a obra de Todd Hido, um artista de São Francisco representado na coleção permanente do Guggenheim e do Whitney Museum. Bright Black World, o seu mais recente trabalho, transporta-nos para paisagens noturnas do Norte da Europa: “Trata da fisicalidade das mudanças climáticas que ocorrem hoje”, escreve Hido. Já House Hunting é uma viagem (também noturna) pelos subúrbios da América, de olhos postos em casas onde luzes acesas são a única presença humana. São imagens envoltas em mistério. C.L. Carpintarias de São Lázaro > até 8 nov, qui-dom 12h-18h > €2 > Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado > até 3 janeiro, ter-dom 10h-18h > €4,50 > Reservatório da Mãe d‘Água das Amoreiras > até 15 nov, ter-sáb 10h-12h30, 13h30-17h30 > €4
3. Great Moments: Eduardo Batarda nos anos 70, Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva
É sempre com um entusiasmo sem fim que se revê a obra de Eduardo Batarda. No caso de Great Moments, trata-se da produção do artista correspondente à década de 70 do século passado: ao todo, 42 obras, habitualmente dispersas por diversas coleções privadas e públicas. Para os mais familiarizados com a obra do pintor, são quadros muito diferentes do que o artista viria a fazer logo na década seguinte. Em 1971, Batarda foi para Londres, para estudar no Royal College of Art, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. A referência biográfica é importante porque o que o artista viria a fazer é produto dessa vibração londrina. Naqueles trabalhos, muita aguarela e tinta da China, tudo acontece. Imagens estereotipadas, militares, marinheiros, artistas, fragmentos do corpo humano, órgãos sexuais, objetos com as mais variadas proveniências. Em suma, (pequenos) grandes momentos, como diz o título da exposição com toda a ironia. S.B.L. Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva > Pç. das Amoreiras, 56, Lisboa > T. 21 388 0044/53 > até 17 jan, qua-dom 10h-18h > €5, dom até 14h grátis
4. Tantas Vezes Digo ao Orvalho Sou Como Tu, Brotéria
A mais recente exposição da Brotéria é uma conversa entre arte, corpo e Natureza. Tantas Vezes Digo ao Orvalho Sou Como Tu junta trabalhos de Alberto Carneiro Sérgio Carronha, Rita RA e Baralho para compor um hino à Natureza. Nesta vénia profunda à casa comum, pressente-se ainda um pedido delicado a todos os que entram: parem e tomem consciência da obra de arte natural da qual fazem parte. “Não faz sentido pensar que somos seres estranhos, elementos externos que têm de tomar conta da Natureza como se fossem simples hóspedes e não fizessem parte dela”, afirma João Sarmento, responsável pela galeria. M.A.N. R. de S. Pedro de Alcântara, 3, Lisboa > T. 21 396 1660 > até 28 nov, seg-sáb 10h-18h > grátis
5. Diário de uma Pandemia, Espaço CC11
O fotojornalismo luta contra o esquecimento – e o conjunto de 200 imagens reunidas nesta exposição (na verdade, cinco) prova-o bem. Como é possível termos enterrado entes queridos sem ninguém para lhes dizer adeus, a não ser quatro sinistras figuras que parecem astronautas? Como é possível que no 25 de Abril tenha sido um homem só, de bandeira de Portugal ao ombro, a descer a Avenida da Liberdade? E como é possível que tudo isto se tenha passado ainda ontem? Diário de uma Pandemia atira-nos à cara, sem pedir licença, o que foram os últimos meses das nossas vidas. É como se nos víssemos ao espelho e descobríssemos aquilo que não queríamos ver. O coração desta exposição é Everydaycovid, projeto que nasceu da iniciativa de dois fotojornalistas, Miguel A. Lopes e Gonçalo Borges Dias, que criaram uma página no Instagram para documentar a quarentena e acabaram por contar com a participação de 119 fotógrafos. No segundo andar, mostra-se a imagem de Portugal projetada no estrangeiro através do olhar dos fotógrafos das agências internacionais. Na sala ao lado, relembram-se capas da Imprensa portuguesa sobre a Covid-19 (escolhidas por João Paulo Cotrim) e vê-se Claro e Escuro, exposição de Luísa Ferreira. C.L. Espaço CC11 > R. Centro Cultural, 11, Alvalde, Lisboa > até 31 out, ter-sáb 15h30-19h30 > grátis
PORTO
6. Siza – Inédito e Desconhecido, Casa-Atelier Marques da Silva
A exposição do arquivo pessoal de Siza Vieira, com uma centena de desenhos que assinalou o centenário da Bauhaus, em Berlim (na Fundação Tchoban), em 2019, apresenta-se no Porto, na abertura ao público da Casa-Atelier Marques da Silva e da Fundação Marques da Silva. Em Siza – Inédito e Desconhecido, revela-se o seu lado mais pessoal. Logo à entrada, nos jardins da Fundação Marques da Silva, o visitante é recebido com uma peça escultórica em mármore, Vénia Bow (2012), feita por Siza para uma casa na ilha de Jeju, na Coreia do Sul. Lá dentro, naquela que foi a casa e o atelier do arquiteto Marques da Silva (autor da Estação de São Bento, da Casa de Serralves e do Teatro Nacional de São João), mostram-se 100 desenhos de Siza – a maioria inéditos – de várias épocas, mas também de Maria Antónia Siza, a sua mulher e artista falecida em 1973 (aos 33 anos), dos filhos, Álvaro e Joana Siza Vieira e, também do neto, Henrique Siza, a terminar o curso de arquitetura. Uma demonstração de “como os múltiplos legados afetam a obra de um arquiteto”, explica António Choupina, arquiteto e curador da exposição, juntamente com a alemã Kristin Feireiss.
Livros (como A Viagem Impossível), autorretratos, desenhos de projetos construídos e outros que não saíram do papel, esculturas em madeira e um vídeo do arquiteto português relembram o imenso legado profissional “do último dos modernistas”. “Apesar de já trabalhar num período pós-moderno, Siza é a única voz ainda a continuar o projeto modernista no século XXI”, relembra António Choupina. Uma exposição única que, no próximo ano, viajará para a China, para o Tsinghua University Art Museum, em Pequim. F.A. Casa-Atelier Marques da Silva, Fundação Marques da Silva > Pç. do Marquês de Pombal, 30, Porto > 17 out-19 dez, seg-sáb 14h-18h > €3, €1,50 (estudantes, mais de 65 anos)
7. 100 Anos Nadir, Inéditos, Reitoria da Universidade do Porto – Casa Comum
É uma espécie de “regresso a casa” do arquiteto-pintor modernista, esta exposição na Reitoria da Universidade do Porto. Em 100 Anos Nadir, Inéditos encontra-se mais de uma centena de trabalhos, a maioria nunca mostrados, do artista que se formou em Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (observam-se estudos dessa época) e que regressou sempre à cidade depois de estadias em Paris ou São Paulo. A partir de Máquina Cinética, a única obra não inédita, desenvolve-se “uma exposição antológica sobre a evolução da obra de Nadir Afonso”, através de guaches, pinturas e estudos, salienta Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto para a Cultura. Com curadoria de António Quadros Ferreira, a mostra que assinala o centenário do nascimento do pintor (que morreu em 2013), terá workshops, lançamentos de livros, debates e um prémio para trabalhos multimédia. F.A. Reitoria da Universidade do Porto – Casa Comum > Pç. Gomes Teixeira, Porto > T. 22 040 8000 > até 23 dez, seg-sex 10h-13h, 14h30-17h30, sáb 15h-18h > grátis
8. Alfredo Cunha: 50 anos de Fotografia – 1970-2020, Centro Português de Fotografia
Tem sido um ano profícuo para Alfredo Cunha. A celebrar 50 anos de carreira, o fotojornalista tem-se multiplicado em exposições em torno do seu imenso trabalho fotográfico. Depois de Lisboa, Amadora e Matosinhos, chega agora ao Porto, ao Centro Português de Fotografia, aquela que considera ser “uma das exposições mais abrangentes” da sua carreira, com mais de 150 trabalhos, de grandes dimensões. Na mesma sala onde se encontram as fotografias captadas por Alfredo Cunha no 25 de Abril de 1974, o fotojornalista expõe imagens ilustrativas da pandemia, tiradas durante o período de confinamento. “Por brincadeira, dizia muitas vezes que gostaria de fotografar outra revolução. De uma certa forma, a pandemia é uma revolução, porque a nossa vida vai mudar e muito”, diz à VISÃO.
A exposição, que abre ao público neste sábado, 17, está dividida em oito temas. América, América mostra as fotos captadas por Alfredo Cunha, em 2016, sobre o quotidiano de Nova Iorque durante o processo eleitoral que haveria de eleger Donald Trump. Em Toda a Esperança do Mundo, encontram-se fotografias de caráter humanitário, feitas em parceria com a AMI-Assistência Médica Internacional; em Páscoa evocam-se as tradições religiosas de Braga; em A Pesca viajamos noite dentro com os pescadores de Matosinhos; em Retratos observam-se fotos de Herberto Helder, de Agustina Bessa-Luís ou de vários Presidentes da República, e, finalmente, em Mulheres, expõem-se uma série de fotografias de mulheres, nos mais diferentes contextos, que fazem parte do livro O Tempo das Mulheres, com textos de Maria Antónia Palla. F.A. Centro Português de Fotografia > Antiga Cadeia da Relação do Porto, Lgo. Amor de Perdição, Porto > T. 22 004 6300 > 17 out-2 mai 2021, ter-sex-10h-18h, sáb-dom, fer 15h-19h > grátis
9. Mais que Arquitetura, Palacete Lopes Martins (Fundação Marques da Silva)
A exposição que abre as portas ao público do Palacete Lopes Martins, edifício dos anos 70 do século XIX, propriedade da Fundação Marques da Silva (FMS), “é uma viagem pela vida dos arquitetos dividida por dez temas, a partir do confronto com a multiplicidade do acervo”, resume o curador e arquiteto Luís Urbano. A partir dos arquivos da FMS – que guarda o acervo de 20 arquitetos, entre outros, de Fernando Távora, José Carlos Loureiro, Arménio Losa, Alcino Soutinho, Hestnes Ferreira, Manuel Graça Dias, Alexandre Alves Costa –, percorrem-se exercícios escolares, desenhos, esquissos, maquetes, fotografias, viagens, correspondência, coleções de arte e também mobiliário, que fazem parte da História da arquitetura portuguesa. Com esta exposição, lembra Luís Urbano, pretende-se mostrar “que o universo de interesse dos arquitetos é alargado”. Fundação Marques da Silva > Pç. do Marquês de Pombal, 30, Porto > 17 out-17 abr 2021 > seg-sáb 14h-18h, €3, €1,50 (estudantes, mais de 65 anos)
9. O Sol Não se Mexe, Capítulo 35, de R.H. Quaytman, Museu de Serralves
Pela primeira vez, a obra da artista norte-americana Rebecca Howe Quaytman, conhecida pelos seus trabalhos em painéis de madeira que questionam constantemente a Natureza e os limites da pintura, é mostrada em Portugal. “O que é uma pintura, um ícone? Quais são os meios da pintura numa cultura saturada pela estimulação visual, da fotografia à floresta digital dos signos? A pintura ainda é uma meio relevante para partilhar a nossa história?”, são questões frequentemente colocadas por R.H. Quaytman. Nesta exposição, coorganizada pelo Museum Sztuki in Lódz, na Polónia, e a Fundação de Serralves, no Porto, os trabalhos de Quaytman surgem em painéis de contraplacados de oito tamanhos, onde a artista usa várias técnicas, como serigrafia baseada em fotografias, padrões óticos, como moiré e tramas cintilantes, e em pequenas pinturas a óleo. F.A. Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. Dom João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 16 out-21 fev 2021 > seg-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €10
11. Red Lines with Landscapes: Portugal, de Evan Roth, Culturgest Porto
O artista norte-americano apresenta-nos vários filmes produzidos em Portugal, colocando em confronto sítios da costa portuguesa com pinturas da paisagem do final do século XIX. O trabalho surge na sequência das filmagens que Evan Roth tem vindo a fazer, com câmaras de infravermelhos, nas localizações costeiras de onde partem os cabos de transmissão de dados que atravessam os oceanos. Para esta exposição, com a curadoria de Delfim Sardo, o artista selecionou obras do Museu Nacional Soares dos Reis – que se encontra encerrado, para obras de manutenção. F.A. Culturgest Porto > Edifício Caixa Geral de Depósitos, Avenida dos Aliados, 104, Porto > T. 22 209 8116 > até 6 dez > qua-dom 10h30-14h, 15h-18h30 > grátis
12. Pólipos Cnidários Reparados pelo Olhar do Observador, de Hugo Canoilas, Museu de Serralves
Na sua primeira exposição em Serralves, Hugo Canoilas intervém no chão, no rodapé e no teto da Galeria Contemporânea do Museu, com obras que resumem preocupações do artista. No chão, o artista/pintor português, a residir em Viena, Áustria, mostra-nos três peças de vidro colorido (realizadas na Marinha Grande). a representarem medusas, sinais “do aquecimento climático, mas também das ideias de informe e de metamorfose” que estão na origem de vários dos seus trabalhos. No teto, Canoilas criou uma pintura gestual que parte das imagens da flora e fauna do fundo do mar. F.A. Museu de Arte Contemporânea de Serralves – Galeria Contemporânea > R. Dom João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 9 out-21 fev 2021 > seg-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > grátis