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Alemanha de Leste, 1956, cinco anos antes da construção do Muro de Berlim. Stalinstadt é uma cidade-modelo criada de raiz pelo regime, junto à fronteira com a Polónia. Um grupo de jovens finalistas do liceu apercebe-se da tentativa fracassada de revolução e expulsão dos soviéticos na Hungria e decide fazer um minuto de silêncio, durante uma aula, em memória das vítimas. O pequeno ato simbólico transforma-se numa tempestade, revelando o lado mais tenebroso do odioso regime que ainda estava a construir-se.
A história, verídica, foi contada em livro por Dietrich Garstka (1939-2018). O filme de Lars Kraume é estragado pela cosmética. Demasiado limpo e asseado, não consegue tirar os pés do presente quando viaja ao passado. E não resiste à tentação de querer parecer levezinho, aéreo, jovial, num contexto sério e grave − quando mais não seja pelas mazelas de uma guerra tenebrosa que não tinha terminado assim há tanto tempo.
A história centra-se sobretudo em duas personagens: Kurt, que se divide entre as flores deixadas na campa do avô SS e a convicção ideológica do seu pai, presidente da câmara e comunista; e Theo, excessivamente gozão, uma personagem deslocada do tempo, que está lá em grande parte para aligeirar o drama. Mais interessante e densa é a personagem de Erik, filho de um combatente do exército vermelho e defensor do regime.
O filme consegue jogar com os extremos. Os denunciantes que noutro contexto eram enforcados, passam a ser chamados heróis e vice-versa. Levanta–se, portanto, acima de tudo, uma questão moral, transversal aos regimes. A Revolução Silenciosa, apresentado pela primeira vez no Festival de Berlim, é uma boa história que merecia um melhor filme.
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A Revolução Silenciosa > De Lars Kraume, com Jonas Dassler, Tom Gramenz, Leonard Scheicher > 111 min