Não há felicidade, alegria, leveza nesta história. Esta é a América, do pós-11 de Setembro, deprimida, tensa e voltada para dentro. Em 30 imagens, o fotojornalista Christopher Morris mostra o retrato da sua América num ensaio documental poderoso, para ver no Mira Fórum, no Porto, até 15 de abril. Tem solidão, armas, bandeiras, muitas, guerra e uma tensão latente a habitar cada imagem.
“As imagens que vejo e sinto são o meu estudo antropológico sobre um período da história dos EUA”, diz. Muito rigoroso na seleção, o fotojornalista deixou de fora o otimismo, os miúdos a brincar no parque, as horas felizes. Embora essas imagens existissem, não fazem parte desta narrativa. Em Americanos, a exposição produzida pela Estação Imagem e comissariada por Luís Vasconcelos, Christopher Morris reincide no trabalho de procura de imagens que se relacionem com o seu estado de espírito sobre o próprio país.
Nelas, o fotojornalista, que no seu curriculum inclui a cobertura das presidenciais de George W. Bush e Barack Obama para a revista Time, inscreve uma América cega pelo nacionalismo, uma nação em crise, deprimida. “Por vezes senti um país com os olhos tão tapados pelo vermelho, branco e azul que se tornou cego”, descreve. Acontece assim no bolo cheio de bandeiras azuis e vermelhas, na fita usada por uma jovem para prender o cabelo ou na convenção do Partido Republicano, na cidade de Nova Iorque, em 2004.
Não sendo este o primeiro trabalho de Christopher Morris sobre os americanos, o alinhamento deste conjunto patente na galeria Mira Fórum leva-nos a ver de um outro ângulo. Segundo Luís Vasconcelos, comissário da exposição, é um trabalho intemporal “com uma atmosfera tensa e pesada”, habitado pela solidão, mas onde se vislumbra também um “olhar terno e preocupado” de Morris para com os seus compatriotas e os Estados Unidos da América.
Americanos > Mira Forum > R. de Miraflor, 159, Porto > T. 92 914 5191 > até 15 abr, ter-sáb 15h-19h