É com cores vivas e uma certa textura que Avelino Sá volta a envolver-se na poesia japonesa. O artista mostra na Galeria Fernando Santos, no Porto, um conjunto de trabalhos recentes, composto por desenhos e encáustica (técnica de pintura que usa a cera para ligar os pigmentos). Reunidas sob o título O Som do Orvalho, as obras desafiam o público a ver para lá das telas. São quadros de grandes dimensões, muito depurados, onde por vezes se encontram poemas, fragmentos de textos ou elementos figurativos ligados à natureza. No entanto, segundo Avelino Sá, trata-se de “uma imagem poética e como imagem não é descritível”. “É para contemplar e sentir”, diz.
Em busca do vazio, o artista quer que apenas o silêncio transpareça em obras como o quadro branco com palavras escritas a branco, onde sobressaem dois elementos negros. “Tentei ser o mais depurado possível, procurando chegar à anulação da imagem”, nota. Além de 12 trabalhos de grandes dimensões, a exposição é composta por desenhos ainda mais depurados, alguns autónomos e outros que serviram de base às pinturas. Para Avelino Sá, “cada um deve fazer a sua própria leitura, tal como na poesia”.
A exposição de Avelino Sá integra a segunda edição do ciclo de Inaugurações Simultâneas do Quarteirão de Miguel Bombarda em 2017, que, este sábado, 11, reúne ainda três séries de trabalhos de pintura e desenho de Mafalda Santos, na Galeria Presença, Como se Pinta uma Casa, de Arlindo Silva, na Galeria Quadrado Azul e, entre outros, a instalação Rehearsals, de Projecto 0,0, na Galeria Serpente.
Entre regressos e estreias, há 17 novas exposições, além de visitas guiadas, uma nova oficina de técnicas de impressão, organizada pelo projeto Chapa Azul e a Cooperativa Árvore, e a apresentação de Water Balls, o segundo de seis números que integram The Fractal Body, projeto artístico de Paulina Almeida, que combina dança, performance e teatro.
Inaugurações simultâneas > Quarteirão de Miguel Bombarda, Porto > 11 mar, sáb 16h