É uma peça de dimensão coreográfica e nem lhe falta banda sonora. O francês Philippe Parreno quer pôr-nos de olhos no teto do Museu de Serralves, onde se soltaram mais de 10 mil balões de fala transparentes, amarelos, laranja, fúchsia, dourados. No átrio, nos corredores, nas salas e até no auditório, os Speech Bubbles, balões de hélio com forma de balões de fala de desenhos animados, sem palavras, flutuam sempre bem junto ao teto. A obra faz parte de A Time Coloured Space (Um espaço da cor do tempo), a primeira exposição em Portugal do artista e realizador Philippe Parreno. “É uma experiência de progressão constante, que permite estar e ver as condições das salas a mudar”, observa Suzanne Cotter, diretora do Museu de Serralves e comissária da exposição, para quem as peças “são elementos de uma obra maior em diálogo permanente” com a arquitetura de Siza Vieira.
Parreno, que atualmente tem exposições individuais na Tate Modern, em Londres, e no Australian Centre for the Moving Image, em Melbourne, defende esta mostra não é determinada pelos seus objetos (materiais e formas), mas antes “pela regularidade e ritmo com que estes vão aparecendo”. A exposição, sublinha, foi estruturada segundo o modelo matemático da fuga e à volta da ideia de contraponto ou ritornello (trecho musical de uma partitura que deve ser repetido, em intervalos regulares). Esta “composição feita em tempo real” leva o museu, no entender de Suzanne Cotter, a assumir “um papel vivo, como se fosse um organismo”.
Sendo o próprio edifício uma peça de arquitetura, o diálogo a estabelecer com a dramaturgia estética da exposição de Parreno vai contribuir certamente para “mudar a forma como o público vê esta obra de Siza Vieira”, acredita Cotter. A exposição revela-se toda ela uma experiência, de percurso livre, ao longo da qual não há apenas peças estáticas para ver. Além de balões de fala, A Time Coloured Space faz um mapeamento do trabalho de Perrano, reunindo uma série de esculturas em alumínio, moldadas como árvores de Natal, mais de 200 desenhos a tinta, uma série de objetos de luz e a obra Quasi Objects: Marquee (cluster). Disklavier Piano. My Room is a Fish Bowl (2014), que integra a coleção de arte contemporânea do museu.
A próxima visita guiada à exposição será no dia 2 de abril, conduzida por Andreia Coutinho.
A Time Coloured Space > Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 3 fev-7 mai > ter-sex 10h-18h, sáb-dom-fer 10h-19h > €10 (inclui parque); até 12 anos e 1º dom grátis