É uma velha técnica de guerra: invadir países para retirar o que eles têm de melhor. No caso de Michael Moore, que neste seu irreverente filme encabeça um exército de um só homens, invade países exemplares para pacificamente retirar-lhes boas ideias. E um dos países invadidos é – imagine-se – Portugal. O que Portugal tem de pioneiro e absolutamente exemplar é a política de combate à toxicodependência. As drogas passaram a ser tratadas como um problema de saúde e não de criminalidade. Assim, para grande espanto de Moore, há uma despenalização do consumo. Com o seu habitual sentido de humor, o realizador americano testa a eficácia da lei em pleno quartel da PSP em Lisboa, perante três pacatos e muito responsáveis agentes. Já no Instituto da Droga e da Toxicodependência fala com Nuno Capaz, um alto responsável, a quem Moore pergunta se consome drogas.
Seguindo a sua linha de cinema de intervenção, Moore encontra assim, em E Agora Invadimos o Quê?, um ângulo engenhoso. Ao contrário do que acontecia com Bowling for Columbine, SICKO ou Capitalismo: Uma História de Amor, há uma perspetiva positiva. Em vez de deitar abaixo o modelo, Moore procura casos exemplares em áreas como a educação, a saúde, os direitos laborais ou o sistema prisional, em países como Portugal, Itália, França, Alemanha, Eslovénia, Noruega, Finlândia e Tunísia. Por cada boa ideia encontrada, crava a bandeira americana no solo, como quem reivindica uma conquista. O filme serve para convencer o povo e os agentes políticos da pertinência daquelas ideias. E se o seu cinema não conseguir mudar o mundo, Michael Moore acredita convictamente que, pelo menos, conseguirá mudar a América.
E se nós salvássemos a América?
Michael Moore “invade” Portugal e outros seis países em busca de boas ideias político-sociais que possam aplicar-se nos Estados Unidos. O filme E Agora Invadimos o Quê? já está nas salas de cinema