Se Ana Moura é hoje, aos 36 anos, uma das cantoras portuguesas de maior projeção internacional, grande parte do êxito deve-se a uma abordagem muito aberta ao fado, que tem sabido usar como ponto de partida para se reinventar a cada disco. Foi assim com Desfado, o álbum de 2013 que em definitivo a globalizou, com mais de 100 mil exemplares vendidos e centenas de concertos em todo o mundo. E de novo agora com Moura, o mais recente trabalho, editado no final do ano passado, no qual voltou a baralhar os cânones, da sua música e do próprio fado. “O facto de eu ser fadista não me pode impedir de explorar outros territórios musicais”, afirmou em entrevista à VISÃO, aquando do lançamento do disco, que marca também a estreia de diversos autores no seu universo musical, como Carlos Tê, Samuel Úria, Jorge Cruz (líder dos Diabo na Cruz, que assinou o single Dia de Folga), Edu Mundo, Sara Tavares ou Kalaf.
Longe vão os tempos em que, ainda adolescente, foi convidada por Maria da Fé para cantar na casa de fados Sr. Vinho. Em 2003, o primeiro disco, Guarda-me a Vida na Mão, foi recebido com aclamação pela crítica, tal como Aconteceu, um álbum duplo, lançado apenas um ano depois, que viria a abrir-lhe as portas da carreira internacional. Foi, por exemplo, a primeira cantora portuguesa a subir ao mítico palco do Carnegie Hall de Nova Iorque. Volta a surpreender com os discos seguintes, Para Além da Saudade (2007) e Leva-me aos Fados (2009), ao arriscar novas letras e músicas de nomes como Amélia Muge, Fausto ou José Mário Branco. As digressões, nacionais e internacionais, sucedem-se, tal como o reconhecimento do público, da crítica e de estrelas internacionais como Prince ou os Rolling Stones, com quem já partilhou palco. O maior dom de Ana Moura, está visto, é transformar em fado todos os universos musicais que carrega dentro de si. Seja ao som de uma guitarra portuguesa amplificada ou a cantar o clássico Lilac Wine, imortalizado por Nina Simone, como acontece no novo Moura, que agora apresenta na cidade onde nasceu para o fado.
Meo Arena > Rossio dos Olivais, Lisboa > T. 21 891 8409 > 9 abr, sáb 21h30 > €30 a €55