É verdade que, de há uns anos para cá, a Pixar já não nos deslumbra como era seu hábito (desde Wall-E?). Mas o estúdio de cinema de animação teve o mérito de mostrar – com filmes como Toy Story, Monstros & Companhia, À Procura de Nemo, Ratatui ou Up: Altamente – que o espírito da animação clássica podia coexistir com a tecnologia mais avançada. Uma Vida de Inseto (A Bug’s Life), que estreou em 1998 (a seguir a Toy Story, já lá vão 26 anos), serve agora de inspiração à nova série documental original da National Geographic, disponível no canal Disney+.
Escaravelhos do estrume, aranhas saltadoras (ou papa-moscas), baratas, louva-a-deus, abelhas-das-orquídeas e formigas-de-fogo são alguns dos protagonistas de Uma Verdadeira Vida de Inseto (A Real Bug’s Life, no original), série que aponta lentes potentíssimas ao mundo dos insetos, como revelou à VISÃO o produtor Bill Markham: “As câmaras 4K que se utilizam hoje num documentário de História Natural geram imagens HDR maravilhosas [com mais brilho e contraste]; o que fez a diferença foi esta nova geração de lentes profissionais, como as que são utilizadas nos endoscópios médicos, que permitem não só aumentar a imagem como nos dão uma perspetiva cinematográfica de grande angular.”
Também a iluminação foi importante. “Com as câmaras de filmar tradicionais, a luz é muito forte, o que pode causar desconforto e até alterar o comportamento dos insetos; recorremos a luzes LED, o que é algo revolucionário quando se trata destas pequenas criaturas, permitindo-nos filmar mais de perto e de diferentes ângulos”, conta Markham, que antes já tinha produzido as séries Super/Natural para a National Geographic/Disney+ e Animal para a Netflix, ambas nomeadas nos Emmys.
Sob as diretrizes de três cientistas (um zoólogo, um entomologista e um biólogo), a equipa de filmagens viajou pelo mundo, onde as forças da Natureza atuam numa outra escala. Basta pensar no que significa um sopro de vento ou um pingo de chuva para a classe dos artrópodes, com três pares de patas, o corpo dividido em cabeça, tórax e abdómen, olhos compostos e duas antenas, que lutam para sobreviver diariamente.
Cada um dos cinco episódios agora apresentados (a série tem duas temporadas, com cinco episódios cada) foi gravado num único local. Em Nova Iorque (A Cidade Grande), na floresta húmida da Costa Rica (Bem-vindo à Selva), num quintal do Texas (Desafiar o Quintal), na savana da Tanzânia (Terra de Gigantes) e numa quinta a norte de Londres (A Quinta Atarefada), foi necessário montar toda uma parafernália de equipamento técnico, drones incluídos.
Se no mundo dos insetos, muitas vezes, são as fêmeas que levam às costas a sobrevivência da espécie – caso das formigas ou dos desajeitados abelhões –, aqui também há lugar para um jovem macho (aranha-saltadora) que tenta encontrar casa na selva urbana de Nova Iorque.
Uma Verdadeira Vida de Inseto demorou três anos a ficar pronta, entre encontrar as histórias certas (todas diferentes entre si) e a produção final. A atriz e rapper norte-americana Awkwafina (Nora Lum) dá um tom cómico à série, à medida que vai narrando os episódios, imaginando os pensamentos que as criaturinhas podem estar a ter. Uma coisa o produtor Bill Markham pode garantir: nunca mais voltaremos a olhar para os insetos da mesma forma.
Uma Verdadeira Vida de Inseto > Disney+ > 5 episódios