Intrigante até ao fim. Várias linhas temporais vão complementando toda a narrativa que, por vezes, parece centrada apenas em Michelle McNamara (1970-2016), uma contadora de histórias policiais, mas há outros momentos em que nos focamos só nos mistérios de um crime por resolver há mais de 40 anos. Entre os anos 70 e 80 do século XX, o homem que Michelle apelidou de Golden State Killer atacava mulheres nas suas casas, em Sacramento, na Califórnia (50 violações e 12 mortes). A série documental de Liz Garbus (What Happened, Miss Simone?) reúne recortes de jornais, retratos-robô, pastas de arquivo – sinais de uma metodologia intensa na pesquisa de uma cara para aquele crime.
Michelle ficou curiosa com o caso quando, na televisão, ouviu falar de Sudden Terror, livro de Larry Crompton, antigo detetive que investigou alguns dos casos. Ele guardou tudo, desde bobinas com o som dos interrogatórios a fotografias antigas, e lembra-se de ter sentido o medo das vítimas. Ao longo dos seis episódios de I’ll Be Gone In The Dark, são várias as adultas de hoje que engolem em seco para relembrar as memórias claras daquele dia.
Autora do blogue True Crime Diary e do podcast Crime Scene, em que contava as histórias sem a frieza ou a caricatura de algumas reportagens, Michelle foi pioneira, em 2007, neste segmento criminal. Ela só queria entrar na cabeça do criminoso. Em 2018, dois anos após a sua morte durante o sono (vítima de overdose acidental), o criminoso ganhou, finalmente, uma identidade. Joseph James DeAngelo foi preso na sua casa em Sacramento, onde foi polícia, morando sempre perto de muitas das vítimas. Foi graças à tecnologia do ADN que se chegou até à porta deste homem de 72 anos. Os testemunhos da primeira noiva, do sobrinho ou da prima deixam-nos boquiabertos até ao fim.
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I’ll Be Gone In The Dark > HBO > Estreia 29 jun, seg