Quando, depois de algumas sessões de binge-watch, já conhecíamos Litchfield e as suas habitantes como a palma da nossa mão, a Netflix cortou o pio às prisioneiras e andámos vários meses à míngua, a pensar no desenrolar das sórdidas histórias criadas por Jenji Kohan, que também assinou outra originalidade chamada Weeds (Erva). E quando as atrizes Kate Mulgrew (Red) e Lea Delaria (Boo) avisaram, numa apresentação mundial da Netflix em Paris, que os 13 episódios da quarta temporada de Orange is The New Black iam provocar muitas gargalhadas, mas que o lado negro da série viria ainda mais ao de cima (“apertem os cintos de segurança”), o apetite ficou incontrolável. Agora, já só é preciso esperar até esta sexta, 17.
Para quem nunca viu um episódio das três temporadas disponíveis, em exclusivo, na Netflix (e por isso dá para pôr-se em dia ainda antes da estreia), diga-se que Orange is The New Black é um enredo original, baseado nas memórias de Piper Chapman. Ela é uma americana de classe média que, depois de se envolver com uma mulher traficante, Alex Vause, acaba atrás das grades de Litchfield, uma prisão feminina, numa altura em que está noiva do namorado. A falta de liberdade provoca nela uma tremenda transformação ou, poderá interpretar-se assim, traz à tona a sua verdadeira essência.
É dentro destas quatro paredes que todos os dramas da sociedade são experimentados com muito mais intensidade do que no mundo “lá fora” – desde as questões raciais, à homossexualidade despudorada, passando pela luta de classes. A série consegue ser, numa só voz, dura, divertida, violenta, e sem tabus. A linguagem, crua, não é para todos, há que deixar o aviso.
Esta temporada, já se imagina, será invadida por novas prisioneiras e supervisionada por guardas ainda mais inexperientes. Até porque foi assim, com a entrada de outras mulheres (e a fuga das que já lá estavam até ao lago das redondezas), que a terceira temporada nos deixou. De ora em diante, o protagonismo de Pipper vai-se perdendo, à medida que a densidade das outras personagens assim o exige.
Foi também em Paris – numa mega-conferência de imprensa em que os jornalistas comeram num cenário igual ao do refeitório da prisão e foram servidos por empregados vestidos de cor de laranja – que as atrizes escolhidas para ali estarem asseguraram que, além da quarta, ainda haverá mais duas temporadas da série-fetiche deste produtor e distribuidor de conteúdos. Kate afirmou até que “é ótimo trabalhar com aquelas mulheres”: “Nós adoramo-nos todas umas às outras”. Fazemos nossas as suas palavras.
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